Justiça fecha o cerco contra a FPF

Uma possível intervenção judicial já preocupa os dirigentes da Federação Paranaense de Futebol – FPF. Investigada pela polícia, que suspeita de sua participação em um esquema que teria desviado mais de R$ 5 milhões da entidade, a atual diretoria está incomodada com a ameaça de ser destituída. ?Estão cometendo uma grande injustiça?, garante o presidente Aluízio Ferreira.

A possibilidade de intervenção na FPF foi levantada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos – Nurce, da Polícia Civil. Segundo o delegado-chefe, Sérgio Sirino, durante as investigações que levaram à prisão de Onaireves Moura, ex-presidente da entidade, surgiram evidências de que os atuais diretores mantinham funcionando o ?esquema? que desviava recursos da Federação.

Moura e mais oito pessoas acusadas de participar das fraudes na FPF foram presos no último dia 6 de novembro. Na última quarta-feira, a Justiça acatou pedido do Nurce e alterou o regime de prisão dos detidos de temporária para preventiva. Agora, eles devem ficar pelo menos mais 80 dias atrás das grades.

Aliocha Maurício/Átila Alberti
Sérgio Sirino, delegado-chefe do Nurce.

?Fantoches?

Desde o último mês de junho, Moura está afastado da presidência da FPF. Acusado de corrupção e desvio de verbas, ele foi suspenso por seis anos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Seria o fim de um reinado de 22 anos à frente do futebol paranaense.

Porém, a polícia afirma que nem mesmo a maior pena já aplicada contra um dirigente de federação no Brasil foi suficiente para tirar a FPF das mãos de Moura. O delegado Sérgio Sirino diz que o Nurce possui provas de que o ex-presidente continuava no controle da entidade, através de outros dirigentes que permaneciam seguindo suas ordens.

Assim, Sirino acredita que apenas uma intervenção poderia garantir a integridade de documentos que comprovariam os desvios de recursos e outros crimes cometidos pela ?quadrilha? e ainda estariam na sede da entidade. ?Seria preciso interditar a Federação Paranaense de Futebol?, afirma.

A polícia irá recomendar que o Ministério Público peça à Justiça a intervenção na entidade. Além disso, continuarão as investigações na FPF, mesmo após a conclusão do inquérito que resultou na prisão de Moura. ?A nova administração também será investigada. Queremos saber para onde está indo o dinheiro das arrecadações dos jogos deste ano?, diz Sirino.

Dirigentes da Federação negam influência externa

As declarações do delegado deixaram o atual presidente da FPF preocupado. ?É uma injustiça dizer que podem sumir documentos. Não somos irresponsáveis. Está tudo relacionado e ninguém tira nada de lá sem nosso conhecimento?, garante Aluízio Ferreira, que procurou o Paraná-Online para se defender.

Aluízio, que era um dos cinco vice-presidentes da FPF antes do afastamento de Moura, foi escolhido por seus pares para assumir a presidência. Hoje, ele nega que o ex-presidente continue tendo influência sobre a diretoria. ?Dos diretores que estão na Federação atualmente, nenhum está envolvido. Temos interesse que tudo seja investigado e esclarecido.? Segundo Aluízio, a entidade está aberta às investigações e disposta a colaborar com a polícia.

?A maioria do material recolhido pela polícia foi disponibilizado pela própria Federação. Vamos enviar um comunicado à Justiça dizendo que todos os nossos documentos estão disponíveis?, afirma. Uma intervenção seria um desastre para os planos de Aluízio, que pretende se candidatar nas próximas eleições da entidade e continuar à frente da FPF.

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