Rio (AE) – Juninho Pernambucano, melhor jogador de 2005 na França, em eleição organizada pela revista France Football, é apontado no país como um dos maiores ídolos da história do Olympique de Lyon, atual tetracampeão nacional. Nesta entrevista, ele falou sobre o surgimento do quarteto mágico na seleção, o que lhe custou a vaga de titular, e a respeito de um assunto-tabu: como administrar vaidades num grupo seleto, cobiçado por todo o mundo esportivo e comercial.

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Agência Estado – O mundial da Alemanha surge como sua última grande oportunidade na seleção?

Juninho Pernambucano – Primeiro, tenho de esperar a confirmação de meu nome na lista. Eu esperava ter participado da Copa anterior, até porque tinha atuado pela seleção algumas vezes antes da convocação final do Luiz Felipe Scolari. Mas isso já ficou para trás. Na Alemanha, tenho consciência de que estarei, aos 31 anos, disputando meu primeiro e último mundial. Essa é a realidade.

AE – Como reagiu ao perder a vaga de titular depois do jogo do Brasil com o Peru?

Juninho Pernambucano -Com naturalidade. A seleção ainda buscava a classificação nas eliminatórias e por isso houve a opção por um time mais ofensivo. Naquele jogo (o Brasil venceu por 1×0, em Goiânia), a torcida queria ver o Robinho. Ele entrou no meu lugar no segundo tempo. O Robinho era a paixão nacional, estava numa fase excelente. Então a equipe viveu a experiência de atuar com quatro atacantes. Todos gostaram.

AE – Você também?

Juninho Pernambucano – O time se saiu muito bem. Não tenho que gostar ou não. Estar entre os 23 da seleção já é um privilégio. Claro que todo mundo quer jogar. E um time com mais atacantes sempre tende a agradar o público.

AE – É possível evitar ou controlar a vaidade na seleção brasileira?

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Juninho Pernambucano – Isso é sempre um risco. Pois envolve uma grande equipe, com atletas renomados. Oitenta por cento deles fazem sucesso em clubes de ponta da Europa. Se todos não estiverem pensando da mesma forma, com o mesmo foco, o problema acaba estourando. E acaba atingindo as principais estrelas. Para administrar isso, a responsabilidade cabe também à comissão técnica. E os jogadores têm de saber que o objetivo principal é a Copa do Mundo, uma conquista histórica e que marcaria a vida de cada um deles. Por mais que alguém se incomode com o sucesso do outro, dá para dividir os méritos quando se ganha uma competição.

AE – O favoritismo do Brasil pode se voltar contra a seleção?

Juninho Pernambucano – O problema maior é outro. Ninguém, com exceção dos brasileiros, quer ver a nossa equipe chegar pela quarta vez consecutiva à final do Mundial. A história do futebol é bonita porque é surpreendente. No meu modo de ver, o país-sede (a Alemanha) é a principal favorita. Claro que o Brasil também é favorito.

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