O juiz responsável por punir cartolas na Fifa pode estar com seus dias contados na entidade máxima do futebol mundial. O alemão Hans-Joachim Eckert, que preside os tribunais do Comitê de Ética, tem confessado a pessoas próximas que vem recebendo alertas de que não terá seu mandato renovado por mais quatro anos, quando a cúpula da Fifa se reunir em maio.
Nos últimos anos, Eckert puniu um total de 60 dirigentes do futebol, afastando entre eles Michel Platini, Joseph Blatter e Franz Beckenbauer. Mesmo criticado por não ter autorizado a publicação integral da investigação conduzida sobre a compra de votos para a Copa de 2022, no Catar, ele é considerado como um dos últimos homens independentes dentro do organismo do futebol.
Mas sua independência passou a ser limitada desde o ano passado quando Gianni Infantino, o novo presidente da Fifa, modificou regras permitindo que o Conselho da Fifa, mesmo sem as 209 federações, pudesse demitir qualquer um entre aqueles que lideram os organismos independentes de controle e auditoria da entidade.
No mesmo dia que a nova lei foi aprovada, o auditor independente da Fifa, Domenico Scala, entregou sua carta de demissão. Segundo ele, não haveria mais independência em um cargo suscetível de uma demissão por parte do presidente da Fifa. Infantino chegou a chamar a proposta de salário que Scala o ofereceu, de US$ 1,5 milhão por ano, como “ofensiva”.
Desta vez, é Eckert que teme não ter seu mandato renovado. Nos corredores da entidade em Zurique, nomes alternativos começam a surgir, principalmente de advogados e pessoas leais ao atual governo do futebol mundial.
Um ano depois de assumir a Fifa, Infantino não conseguiu colocar um fim às polêmicas. Na semana passada, o Conselho da Europa anunciou a abertura de investigações sobre a entidade, sob a suspeita de que as promessas de reforma no esporte mais popular do planeta não ocorreram e que violações continuam a ser cometidas pela cúpula.
O Conselho da Europa indicou que vai examinar se a Fifa está aderindo às boas práticas de administração e regras de boas condutas. Em fevereiro de 2016, ao assumir a presidência da entidade, Infantino deixou claro que o período de crises tinha “terminado” e que ele iria virar a página na história da Fifa, marcada pela prisão de cartolas em 2015.
Mas, para uma das representantes no Conselho, Anne Brasseur, essa reforma foi lenta e Infantino não fez um esforço suficiente para limpar a Fifa do escândalo que eclodiu com a prisão dos dirigentes pelo FBI. Brasseur foi, até o ano passado, presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e ocupou o cargo de ministra de Esportes de Luxemburgo. Atualmente, ela preside o Comitê de Esportes do Conselho.