Parreira conversa com Edmílson, antes do treino da tarde. |
Teresópolis – A seleção brasileira perdeu mais um jogador importante para a partida contra a Bolívia, domingo, pelas eliminatórias do Mundial de 2006. O zagueiro Juan, eventual substituto de Lúcio, nem viajará para o Brasil, seguindo conselho dos médicos do Bayer Leverkusen. Dessa forma, prossegue o desmonte da equipe, promovido, em parte, pela própria comissão técnica da seleção, com a decisão polêmica de afastar cinco titulares para atender a uma ?sugestão? da diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Juan sofreu leve traumatismo craniano na rodada do fim de semana do campeonato alemão e passou a ser o nono atleta que Parreira deixa de contar para enfrentar a Bolívia. No início de agosto, ao convocar a seleção para amistoso com o Haiti, no dia 18, o técnico afirmou que a lista seria acrescida de três ou quatro nomes, que seriam anunciados em Porto Príncipe, para completar o grupo com o qual pretendia jogar com a Bolívia e com a Alemanha, dia 8, em Berlim. Na relação inicial constavam Dida, Cafu, Kaká, Lúcio e Zé Roberto. Houve então um impasse com alguns clubes europeus, indispostos a liberar os atletas para o amistoso. Em vez de brigar na Fifa por seus direitos – exigir o cumprimento de normas da entidade máxima do futebol, que obriga os clubes a ceder os convocados para partidas com datas estabelecidas pela própria Fifa -, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, preferiu culpar os jogadores. Numa conversa com Parreira, ele o convenceu a adotar a medida punitiva.
Lista
Juan vai agora se juntar ao outro grupo de excluídos – aqueles com problemas médicos. Gustavo Nery foi cortado da seleção na terça-feira, por causa de uma fratura no punho direito. Diego e Luís Fabiano também acabaram dispensados do compromisso com a Bolívia devido a contusões. E ainda existe o risco, cada vez menor, é verdade, de que Ronaldinho Gaúcho fique fora da partida. Ele se recupera de uma torção no tornozelo direito e vai ter de treinar com bola nesta quarta-feira para ser melhor avaliado. O atacante do Barcelona estava mais otimista nesta terça-feira. O inchaço no local da lesão havia diminuído acentuadamente.
Para quem imaginava trabalhar com 22 atletas escolhidos com antecedência, quase todos já integrados à seleção e ao esquema tático, a saída repentina de nove deles deve trazer prejuízos técnicos. A falta de entrosamento vai ser notória. Sem Lúcio e Juan, Roque Júnior pode compor a zaga com Edmílson, que vem atuando pela seleção como volante. Na lateral-direita, Belletti será o titular, na vaga de Cafu. Julio César vai ocupar o lugar de Dida no gol. No meio, Edu provavelmente substituirá Zé Roberto. Enquanto Alex é o mais cotado para fazer o papel de Kaká na seleção principal.
Se Ronaldinho Gaúcho tiver condições de jogo, pode formar a dupla de ataque com Ronaldo ou atuar mais recuado, permitindo que Adriano faça companhia ao Fenômeno na frente. As dúvidas na escalação da equipe são muitas. E vêm no bojo da decisão da comissão técnica de punir com o afastamento os até então cinco titulares da seleção brasileira nas eliminatórias.
Torcedor vai ter transporte para jogo de Domingo
São Paulo – O torcedor que for ao Estádio do Morumbi para prestigiar a partida entre Brasil e Bolívia, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, terá tratamento especial, atendendo as normas do Estatuto do Torcedor, criado no ano passado. Um projeto experimental entre a FPF (Federação Paulista de Futebol) e a Secretaria Municipal de Transportes colocará nas ruas da capital quatro opções para o torcedor chegar ao estádio com “mais conforto e mais segurança”, segundo o secretário Gerson Bittencourt.
O anúncio deste esquema foi feito hoje à tarde, em reunião na sede da FPF, na Barra Funda. “O principal objetivo é reduzir o trânsito próximo ao Morumbi, atendendo o Estatuto do Torcedor. Este ainda será o primeiro piloto, que pretendemos repetir em mais dois ou três jogos grandes do Campeonato Brasileiro. Se tudo correr bem, a intenção é fazer uma parceria com a federação e implementar este esquema nos jogos do campeonato paulista do ano que vêm”, explica Gerson Bittencourt.
Sem medo da galera
Teresópolis – Ainda está viva na memória de vários jogadores da Seleção a reação da torcida paulista à péssima atuação do Brasil na partida com a Colômbia, em novembro de 2000, pelas Eliminatórias da Copa de 2002. O público que lotou o Morumbi naquela oportunidade arremessou milhares de bandeirinhas em campo, numa manifestação de revolta pelo futebol fraco da equipe brasileira.
O lateral Roberto Carlos não participou do confronto e assistiu pela TV à vitória apertada do time, por 1 a 0, gol de Roque Júnior, nos acréscimos. Agora, ele está certo de que o torcedor paulista vai incentivar a Seleção o tempo todo, no jogo de domingo, contra a Bolívia, desta vez pelas Eliminatórias da Copa de 2006. “A situação é diferente. Vamos jogar no Morumbi pela primeira vez desde o Mundial da Coréia do Sul e do Japão e da Copa América. Tem sempre a minoria barulhenta. O negócio é esquecer esse pessoal e fazer logo o primeiro gol”, afirmou o lateral.
Roberto Carlos acredita que o jogo com a Bolívia vai ser uma boa oportunidade para a Seleção apagar de vez uma eventual animosidade com o público de São Paulo. Ele lembrou que depois do incidente, a seleção já obteve um resultado expressivo no Morumbi, ao derrotar a Argentina por 3 a 1, também pelas últimas Eliminatórias.