Rio – Companheiro de Dunga na campanha do tetracampeonato mundial, o ex-lateral-direito Jorginho foi convocado, ontem, para ser seu auxiliar-técnico na seleção brasileira. Os dois estiveram reunidos na sede da CBF, na Barra da Tijuca, onde acertaram os detalhes da lista de 22 atletas que será divulgada hoje, para o amistoso contra a Noruega, no dia 16, em Oslo.

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?Quero ser um suporte para o Dunga. Darei fidelidade total. Estou disposto a ser um escudo para o que ele precisar?, disse Jorginho, que assim como o técnico da seleção é um novato fora das quatro linhas. Só teve uma experiência, no início deste ano, quando realizou uma brilhante campanha no Campeonato Carioca, à frente do América-RJ, com a conquista do vice-campeonato da Taça Guanabara, o primeiro turno da competição.

Jorginho contou que foi convidado por Dunga na semana passada para ser o seu braço direito na seleção. O ex-jogador do América-RJ, Flamengo, Bayer Leverkusen, Bayern de Munique, Kashima Antlers, São Paulo e Vasco, revelou que sua primeira tarefa foi a de garimpar jogadores entre 20 e 23 anos para figurarem na convocação de hoje.

?O Dunga me pediu para observar jogadores de até 23 anos. Ver como eles estão, pegar informações. O legal foi ter elaborado uma lista e, quando a apresentei, muitos nomes bateram com a relação dele?, afirmou o novo auxiliar da seleção.

Ética e eficiência

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Dunga não poupou elogios ao falar do auxiliar-técnico. Ressaltou o comportamento ético de Jorginho durante sua carreira nos gramados, a eficiente passagem como treinador do América-RJ e também confirmou que a figura do coordenador-técnico – cargo anteriormente ocupado por Zagallo – está temporariamente extinta.

?Escolhi o Jorginho por causa das mesmas coisas que fizeram eu ser o escolhido para o cargo de técnico. É uma pessoa transparente e fala o que pensa?, disse Dunga. ?Não tenho pressa em escolher mais nomes. Pode ser que no futuro a gente até sinta a necessidade de ter um coordenador, mas agora não.?

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São-paulinos e colorados estão fora da lista

Rio – Sobre a convocação de hoje, o técnico da seleção evitou falar em nomes, mas assegurou que os atletas do São Paulo e Internacional, que estão disputando as semifinais da Copa Libertadores da América, não figurarão na lista. Outro problema para Dunga foi o fato de a delegação precisar viajar para a Noruega no início da noite do domingo, dia 13. ?Chamar alguém do São Paulo ou do Internacional seria jogar contra o Brasil. Por isso, vamos dar prioridade às necessidades deles?, assegurou Dunga. ?A outra situação que precisamos contornar é o fato de algumas partidas começarem às 18h10. Então temos que ver se vai dar tempo para os atletas embarcarem em São Paulo.?

Técnico descarta radicalismo no primeiro chamado

Rio – O técnico Dunga já mandou um recado para os jogadores mais experientes do time: atleta de renome que desejar permanecer no grupo terá que mostrar serviço em campo.

O treinador destacou que somente a experiência não garantirá uma camisa no grupo. Quanto a seu líder, o novo Dunga dentro das quatro linhas, o gaúcho disse que ele surgirá com o tempo.

A vaidade foi um dos principais fatores apontados pelos torcedores para o fracasso da seleção na Copa da Alemanha. Como fazer para controlá-la?

Dunga: ?Isso é no dia-a-dia. Falar claro, ser coerente nas decisões. O mais importante é a seleção e não o individual. Coletivamente todos ganham. Sozinho, ninguém.?

Como vai lidar com a questão de jogadores experientes, que não demonstrarem amor pela seleção?

Dunga: ?Ninguém vai jogar só pela experiência. Tem que ser experiente e mostrar qualidade. Até porque, só a experiência deles não me interessa. Não vai ajudar em nada a seleção, só atrapalhar.?

A caça às bruxas começa na convocação de hoje?

Dunga: ?Tudo o que é radical nunca deu certo. E até para dar oportunidade aos jogadores novos, preciso ter alguns atletas experientes. Mas, antes quero conhecer a todos, porque só os conheço de fora, de amizades. Depois de saber quem é quem no grupo, passarei a convocar ou não.?

O técnico Dunga já escolheu quem será o seu ?Dunga? dentro do campo? Emerson, do Real Madrid, é um bom nome?

Dunga: ?Por mim não tem que ter comparação, até porque um jogador não gosta de ser comparado a outro. Cada atleta tem sua época, sua fase. Não quero fazer essa comparação com ele ou com ninguém. Esse novo Dunga, como vocês dizem, ou um novo líder será conhecido dentro do campo. O atleta é quem vai ter que me mostrar isso.?

Como foi o trabalho para realizar a primeira convocação?

Dunga: ?Tive que observar vários fatores. Primeiro, os jogadores que estiveram na seleção e ainda estão com vontade de permanecer. Depois os atletas de clubes europeus que já estão treinando. E os problemas domésticos, como a necessidade de poupar São Paulo e Internacional, além do nosso horário de saída do Brasil para Oslo.?

Aliás, convocar jogadores que atuam por clubes europeus não tem sido uma tarefa fácil para os técnicos da seleção…

Dunga: ?É, mas ainda não tive problemas. A CBF tem uma boa relação com os clubes estrangeiros e estamos sensíveis aos problemas deles. Sempre vou analisar cada caso. Se der posso até dispensar um jogador para poder beneficiar a seleção no futuro.?