Quem acompanha MMA acostumou-se a ouvir que os brasileiros são bons no jiu-jítsu e os norte-americanos no wrestling. À medida que os Jogos Olímpicos do Rio se aproximam, entretanto, a luta (que agora é chamada de “wrestling” pela confederação brasileira) chega a um novo patamar. Nesta quinta-feira, conquistou pela primeira vez uma medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos.

continua após a publicidade

A responsável pelo feito é Joice Silva, atleta da categoria até 55kg, que garantiu o ouro na última disputa do dia em Toronto. A brasileira subiu ao lugar mais alto do pódio após vencer a cubana Yakelin Estornell, por 6 a 5, em uma final emocionante. Foi a terceira vitória da carioca na competição.

Descoberta em um projeto social no bairro de Quintino, na zona Norte do Rio, Joice é uma das maiores desbravadoras da luta feminina do Brasil, posto que ocupa ao lado de Aline Ferreira, atual vice-campeã mundial.

Joice foi a única brasileira a disputar os Jogos Olímpicos de Londres-2012 e também primeira atleta do País a vencer o Campeonato Pan-Americano, feito obtido em abril, em Santiago (Chile). Agora, em Toronto, só confirmou o que já havia mostrado na competição passada, desta vez para um público maior.

continua após a publicidade

No Pan, estreou com uma vitória difícil contra a mexicana Alejandra Romero, que travou toda a luta e perdeu apenas por 2 a 1. Na semifinal, fez 5 a 3 na peruana Yanet Sovero, num confronto um pouco menos complicado.

Já a final foi acirradíssima. A cubana rapidamente marcou cinco pontos, por tirar a brasileira da área de combate (um ponto) e por conseguir uma queda alta (quatro). Joice não demorou a reagir. Conseguiu duas quedas baixas (dois pontos cada), empatou com um giro que tirou a cubana da área de combate e virou graças a uma punição. Depois, evitou o golpe da rival.

continua após a publicidade

A medalha foi a segunda conquistada pelo Brasil nas competições de luta nesta quinta-feira em Toronto. Mais cedo, na categoria até 98kg da luta greco-romana, Davi Albino faturou o bronze. Estreou vencendo um canadense, perdeu de um cubano, mas ganhou o terceiro lugar contra a Colômbia.

Diferente da luta livre feminina, em que o Brasil evoluiu em nível internacional, na greco-romana o País ainda vai mal das pernas, ainda que ganhe algumas medalhas em Jogos Pan-Americanos. Nunca um brasileiro venceu uma luta sequer em Campeonatos Mundiais adultos, que são realizados anualmente.

Tanto que Davi, vice-campeão do Campeonato Pan-Americano, é o único representante do País na modalidade no Pan. Entre as mulheres, o Brasil competiu com outras duas atletas nesta quinta-feira. Mas tanto Giullia Penalber (irmã do lutador de judô) quanto Kamila Barbosa perderam na primeira luta. Giullia (até 53kg) levou 5 a 4 de uma equatoriana. Kamila foi arrasada por uma cubana, por 15 a 4.

Na sexta-feira é a vez de Aline Ferreira lutar, na categoria até 75kg. A vice-campeã mundial, entretanto, deu um azar enorme no sorteio e vai estrear justamente contra a norte-americana Adeline Gray, que lhe venceu na final do Mundial do ano passado. Gray foi ao pódio do Mundial nos últimos quatro anos. Maior chance tem Gilda Oliveira (até 69kg), que estreia nas quartas de final contra uma argentina.