São Paulo – O diretor de futebol do São Paulo, Juvenal Juvêncio, tornou público ontem o que havia dito aos jogadores às 15 horas de domingo, antes do jogo contra o Atlético-MG: a ameaça de desemprego para 2004. “Disse a eles que se continuarem jogando assim, o time não chegará longe. E se não chegar, haverá uma grande reformulação no elenco para o ano que vem.” Ele reconhece que o time está jogando mal e que não se consegue detectar o motivo.
“Não sei o que se passa. A preparação física é excelente, os salários estão em dia e não temos problemas de disciplina. Alguma coisa está errada porque a verdade é que o time não está convencendo mais.”
Juvêncio acha que o time precisa de um “xerife”, de alguém que conduza o time dentro de campo. “Tenho incentivado o Ricardinho a assumir esse papel, mas ele não tem conseguido. Tem uma grande liderança natural mas precisa gritar mais, exigir mais dos companheiros. Outra coisa que está me incomodando é essa fama que o time adquiriu de falhar nas horas decisivas. Cobrei deles, disse que os jornalistas vão falar disso novamente e que esse tipo de coisa chega até a torcida. Tem de mudar isso.”
Antes de criticar os jogadores, Juvenal Juvêncio diz que fez uma análise de seu trabalho como diretor de futebol. “Fiz e gostei muito. Nosso trabalho aqui está sendo perfeito. O Reinaldo saiu mas ele mesmo reconheceu que não estava jogando nada. Quando o Kaká saiu não daria para contratar outro jogador. Apostamos nos nossos jogadores das categorias de base e fizemos a coisa certa. Nós temos a tradição de revelar jogadores e vamos continuar assim.”
Roupa suja
As cobranças não se restringem a Juvenal Juvêncio. Antes do treino de ontem, houve uma hora de conversa entre a comissão técnica e os jogadores. “Lavamos a roupa suja. Não se diz que roupa suja se lava em casa? Fizemos isso”, conta Roberto Rojas. “Se 10% do que foi falado eles assimilarem, está bom demais.”
O técnico e outros membros da comissão técnica reconhecem que o São Paulo tem um elenco limitado, com apenas 25 jogadores, mas não se conformam com a falta de raça de alguns jogadores. “O time precisa ser mais competitivo, ter uma atitude mais positiva em campo”, diz Rojas. “Tecnicamente também é possível melhorar, apesar de nossas limitações.”
Outro membro da comissão técnica comenta que, se os jogadores estão jogando dentro de seu limite técnico, é possível se entregar mais em campo. E com as mãos, faz um gesto que demonstra estar faltando o que a torcida chama de “coragem” e que os treinadores preferem chamar de “atitude.” Rogério Ceni, um dos jogadores que mais falou durante a “lavagem de roupa suja” também está decepcionado com a falta de entrega em campo de alguns jogadores.