O clima tenso da semana passada ganhou proporções e se transformou numa ameaça de greve. Atrasos salariais e de direitos de imagem associados ao descaso da diretoria – que passou a empurrar com a barriga a quitação dos débitos – fizeram com que os jogadores do Paraná Clube cruzassem os braços na manhã de ontem.

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Só faltaram os tradicionais cartazes “Estamos em Greve”. Uma situação só contornada à tarde, depois de uma longa reunião no vestiário, aí sim com a presença do presidente Aurival Correia. De prático, uma nova rodada de negociações marcada para hoje, com o presidente eleito Aquilino Romani.

“O que nos deixa p… é o fato de ficarem só prometendo, prometendo”, disparou um dos jogadores, que pediu para não ser identificado. “E, pior do que isso é que apenas mandam recado. Eles não vêm aqui”, emendou outro “anônimo”, numa referência ao fato dos contatos, até então, ocorrerem apenas com o diretor de futebol Paulo Welter e o gerente Beto Amorim.

Pelo que se comenta, o Paraná Clube deve aos seus atletas e funcionários do departamento de futebol o salário de outubro e dois meses de direitos de imagem. “Realmente estamos em débito com eles. Esse deslize ocorreu por conta da transição política que estamos vivendo”, tentou justificar Aurival Correia.

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O montante dessa dívida giraria em torno de R$ 1,2 milhão. “Não tiro a razão dos atletas. Mas, a gente sempre fez o possível. Sabíamos que nessa temporada chegaríamos nos arrastando”, admitiu Correia.

Ao contrário de outros anos, o Paraná não conseguiu emplacar nenhuma negociação de atletas, sempre a solução emergencial para “cobrir o caixa”. No ano passado, o clube equilibrou finanças graças às vendas de Giuliano, Éverton e Rodrigo Pimpão.

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“O Paraná precisa dessas transações para se manter”, disse o presidente. Essa vinha sendo a fórmula para tocar o Tricolor sem os recursos da televisão, provocados pela queda à Série B.

O fato do clube já não correr riscos e tampouco brigar na ponta de cima da tabela, contribuiu para que tudo desembocasse nessa situação vexatória. “Quando a gente precisa dos pontos, dá-se um jeitinho. Temos algumas negociações em andamento, mas não posso precisar quando esse dinheiro estará disponível”, disse Correia.

Na verdade, o presidente esperava receber uma sustentação financeira do novo grupo que vai gerir o futebol. No “jogo do empurra”, o vice de futebol Aramis Tissot lembrou que os recursos prometidos para a gestão do futebol em 2010 só entrariam a partir de janeiro.

Nesse impasse, o grande perdedor é o Paraná, que vê sua imagem manchada. Resta saber a intensidade do dano provocado por essa mácula. O clube perdeu crédito e força de barganha para negociar renovações contratuais.

Além disso, deverá conviver com maiores dificuldades para concretizar algumas contratações que estavam sendo engatilhadas. Na prática, o Tricolor deverá saldar essa dívida com o elenco principal até sexta-feira, ao custo de se desfazer de percentuais de alguns garotos da base, como Elvis, Rodolfo, Vinícius.