Rio – O atacante Ronaldo rejeitou ontem os rótulos de mercenário ou de fracassado e disse não sentir a obrigação de pedir desculpas ao povo brasileiro pelo fracasso da seleção na Copa do Mundo da Alemanha. Em tom de resignação o artilheiro culpou a todos; jogadores e comissão técnica pelo vexame e resumiu desta maneira o quinto lugar no mundial: ?futebol se ganha ou se perde. É tão simples como qualquer outra coisa. Perdemos agora, mas já ganhamos outras mil vezes?.
O jogador desembarcou pela manhã no Aeroporto Internacional Tom Jobim, mas optou por não enfrentar um possível assédio dos torcedores e saiu pela entrada lateral. À tarde, em um hotel da Barra da Tijuca, zona oeste, conversou com os jornalistas e não escondeu sua indignação com o que considera ser um excesso de críticas ao desempenho da seleção.
?Não acho que tenha um ou outro jogador que possa se salvar na seleção. A atuação que nós tivemos foi abaixo do esperado e do que a gente poderia ter dado. Mas foi assim que aconteceu e a gente tem que aceitar?, afirmou Ronaldo. ?Acho exagerado querer achar um culpado para a eliminação. O Brasil mesmo sendo a melhor seleção do mundo não vai ganhar sempre.?
De acordo com o atacante, ninguém tem a obrigação de pedir desculpas ao torcedor brasileiro, porque todos os jogadores deram o máximo pela equipe. Para defender sua tese, ele lembrou que há quatro anos todos os torcedores, imprensa e políticos comemoraram o título e, agora, só pensam em culpar a comissão técnica e atletas pelo insucesso. Afirmou ser uma atitude injusta e pediu reconhecimento.
Sobre o futuro mostrou o desejo de continuar a defender a seleção e cumprir seu contrato com o Real Madrid, que termina no final de 2008. ?Sinceramente ainda não pensei nos motivos da nossa derrota. Quero só me desconectar um pouco, desfrutar minhas férias. Não estou preocupado em saber onde errou ou quem foi o culpado?, disse Ronaldo. Mas, antes de descansar, o jogador tem por prioridade se consultar com o médico da seleção, José Luiz Runco, para decidir se irá realizar ou não a operação para resolver o problema de tendinite, na inserção do tendão na tíbia, que causam dores no joelho esquerdo.
Ronaldinho Gaúcho pede desculpas, pela internet
São Paulo – Uma das grandes decepções da seleção brasileira durante a fracassada campanha na Copa do Mundo, Ronaldinho Gaúcho, divulgou ontem uma mensagem em seu site oficial (www.ronaldinhogaucho.com) em que pede desculpas à torcida brasileira pela falta de boas atuações na Alemanha.
?Muitos esperavam uma atuação brilhante da nossa seleção e de mim, especialmente. O que não ocorreu. Lamento termos saído deste mundial sem ter conseguido mostrar nossas qualidades?, disse o jogador, que dois dias depois da derrota para a França, no dia 1.º de julho, em Frankfurt, foi visto numa boate de Barcelona e numa grande festa em sua mansão, na periferia da cidade.
No texto, Ronaldinho agradece as ?mensagens de carinho? que diz ter recebido pela internet – ?O apoio dos amigos é sempre importante? -, e afirma que se dedicou ao máximo para ajudar a seleção a conquistar o hexa mundial. ?Estou triste. Queria terminar minha temporada com mais um título importante conquistado?, escreve o jogador, que foi campeão espanhol e da Liga dos Campeões da Eurcopa com o Barcelona.
?Não existe nada que possa dizer que modifique o que ocorreu. Quero me desculpar por não ter conseguido, junto com meus colegas, mais esse título para o Brasil?. O jogado promete aproveitar as férias para recuperar a forma e voltar à seleção em breve.
Cafu se defende e quer continuar na seleção
São Paulo – O lateral-direito Cafu, capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo 2006, ainda está chateado com as críticas que recebeu após a eliminação do torneio, que colocaram em dúvida a sua capacidade, sua condição e despertaram desconfiança da torcida.
?Gostaria que o povo não me olhasse como se eu fosse um marginal. Senti isso do povo?, disse o jogador, de 36 anos, em entrevista coletiva ontem na Fundação Cafu, no Jardim Irene, em São Paulo, que ficou famoso após seu filho ilustre conquistar o penta mundial em 2002. ?Ninguém mais do que eu ficou chateado com a derrota. O povo sofre, mas infelizmente a seleção não teve forças para reagir quando levou o gol.?
Apesar das críticas sobre a sua idade, Cafu garante que ainda pensa em seleção. ?É claro que dependerá do treinador, mas todo jogador sempre sonha com isso. Não é o momento de parar. Em 98, achei que pararia; depois, em 2002, mas o tempo fez com que eu jogasse. Só ele vai dizer quando vou parar.?
O lance que não sai da cabeça do torcedor, de Roberto Carlos arrumando a meia e deixando o atacante francês Thierry Henry livre para marcar, na opinião de Cafu, foi culpa da zaga. ?Não existia nenhum sinal naquele gesto do Roberto Carlos arrumando a meia. A marcação era para ser feita fora da grande área, e entraríamos na área só depois que ele (Zidane) cobrasse a falta. Ficamos parados, mas a zaga entrou na área e deu condição para o Henry marcar?, explicou Cafu.
Mostrando insatisfação com a situação criada após a eliminação da seleção, Cafu, que tem contrato com o Milan até junho do ano que vem, aproveitou para desabafar: ?Queria deixar claro que a imagem que vai ficar é a do Cafu levantando a taça, e não a que vocês (jornalistas) querem passar. As vitórias e conquistas são mais fortes do que a derrota. Minha história na seleção é mais de vitórias do que de derrotas. Não é justo focar só a derrota. Não foi só o Cafu que perdeu, a seleção jogou mal. Queria fechar com chave de ouro a Copa, mas não deu.?
E disse que não sabe ainda sobre o seu futuro, caso o Milan seja rebaixado para a 2.ª divisão na Itália por causa do escândalo da ?fabricação? de resultados. ?Vamos esperar primeiro para ver o que vai acontecer. Mas quero continuar. Se a 2.ª divisão tiver esses clubes que estão falando, será bem forte."