A notícia da saída de Joel Santana do Botafogo, na manhã desta terça-feira, surpreendeu a todos. O treinador, que estava há 14 meses na equipe e deixou o comando dois dias após a derrota para o Vasco, no último domingo por 2 a 0, pelo Campeonato Carioca, declarou amor ao clube e deixou em aberto a possibilidade de voltar no futuro.
“A pior coisa seria eu sair brigado do Botafogo. Ia me deixar em uma situação terrível. Eu liguei para o Anderson (Barros, gerente de futebol) e disse que a gente precisava conversar e fizemos isso ontem (segunda-feira). Ele me perguntou o que eu queria, eu disse que queria o que fosse melhor para nós dois e conversamos até chegar a esse acordo. Um acordo de um amor que no futuro pode continuar. Não destruímos isso, mas sim prorrogamos”, declarou.
Logo após o anúncio de sua saída, o nome do treinador foi cogitado no Fluminense. O time das Laranjeiras procura um treinador desde a saída de Muricy Ramalho, na última semana. Perguntado sobre um suposto interesse, Joel desconversou.
“Se desse para parar de me cutucar sobre esse assunto, eu agradeceria (risos). De repente aparece uma proposta e a gente pensa, mas se não ficarei em casa. Eu ainda não quis falar com ninguém e não tem nada (com o Fluminense)”, afirmou.
Ao falar sobre os motivos de sua saída, Joel desmentiu qualquer problema com os jogadores do Botafogo. “Eles pediram para eu não sair. Eu me despedi de um por um. É muito duro conviver e ter que uma hora dar um ‘até logo’. Amanhã nem sei como vou acordar. Os jogadores mais antigos ficaram mais emocionados e os mais novos mais desconfiados”, disse.
O técnico deixa o Botafogo, em sua terceira passagem pelo clube, após 76 jogos, com 41 vitórias, 23 empates e 12 derrotas. Anteriormente, ele comandou o time entre 1997 e 1998 e depois em 2000 em sua segunda jornada no clube.
“O Botafogo me deu muitas lembranças neste 14 meses. Fica aquela dor. Machuca ter que sair de um clube com o qual você já está tão acostumado. Você tem que saber a hora que entra e a hora que sai. Isso se chama sensibilidade. É preciso perceber isso. Tem que entender o que a vida te pede, o que o mundo te pede. Não é questão de clube. As coisas começam a se desenhar de uma maneira que não é legal e pode trazer prejuízo até para o clube”, analisou.
Mesmo em um momento de despedida e de demonstrar clara emoção, o treinador manteve a personalidade extrovertida e, ao ser perguntado se manteria a alcunha de “Rei do Rio” mesmo desempregado, disparou: “Continua, não. Eu sempre fui. Rei é rei, e acabou”. Joel ganhou esse status por já ter dirigido com sucesso os quatro principais clubes do futebol carioca.