Um ano atrás, quando terminou o GP do Brasil em Interlagos e Lewis Hamilton comemorava seu título mundial, Jenson Button encostou seu Honda na subida dos boxes e um pequeno incêndio começou no motor. Nada muito perigoso, rapidamente debelado. Seu pai, John, passou ao lado do carro e disse: “Deixa queimar essa merda”.
O mundo dá voltas, e a mesma equipe que fez “aquela merda” mudou de nome, motor e dono, virou Brawn GP, acertou a mão no carro e no domingo conquistou os títulos mundiais de Pilotos e de Construtores na Fórmula 1. Um time que poucas semanas antes da abertura do campeonato nem sabia se iria correr acabou derrotando todos os grandões da categoria.
Com esse carro quase todo branco, com detalhes em amarelo marca-texto, Jenson Alexander Lyons Button, 29 anos, tornou-se o oitavo inglês campeão do mundo.
E, como no ano passado, ganhou o duelo contra um brasileiro correndo “fora de casa”. Em 2008, foi Hamilton que bateu Massa; agora, Button a derrotar Rubens Barrichello.
“Eu fiz a melhor corrida da minha vida”, disse um eufórico Button depois da prova, vencida pelo australiano Mark Webber, da Red Bull. Ele admitiu que as últimas semanas foram “duras” e “estressantes”. “Eu consegui uma boa vantagem no começo do campeonato, mas nas últimas provas não vinha conseguindo andar bem, principalmente nas classificações. E aqui seria difícil bater Rubens, No sábado, quando ele fez a pole, eu fiquei doente. Mas, de noite, tomei uns drinques e relaxei. Acordei feliz, sabendo que poderia fazer as coisas acontecerem. Agora posso dizer que sou campeão mundial. Vou ficar falando isso a noite toda!”.
O inglês venceu seis das sete primeiras corridas do ano, mas não ganha desde julho, na Turquia. Fez algumas provas muito discretas, para não dizer ruins, desde então.
Estava ladeira abaixo, diante do crescimento de Barrichello. Mas, ontem, despertou. Foi agressivo e decidido. Saiu do 14º lugar no grid para nono na primeira volta e, depois, foi buscar o que precisava para ser campeão.
Rubinho
Para quem saiu na pole, olhar para o resultado da corrida de ontem e ver seu nome em oitavo dá a sensação total de frustração. “Tem um buraco dentro do estômago pela luta para ganhar em casa e para fazer bem perante o público”, admitiu Rubens Barrichello.