Jayme Netto treina três atletas suspensos por doping

O técnico Jayme Netto, suspenso pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) por ter assumido culpa no caso de doping que abalou o esporte, continua em atividade em Presidente Prudente. Ele tem supervisionado os treinamentos da heptatleta Lucimara Silvestre e dos velocistas Bruno Lins e Jorge Célio Sena.

No dia 5 de agosto, quando revelou ter sido conivente com o uso do hormônio eritropoietina (EPO) pelos atletas, Jayme Netto afirmou que abandonaria a carreira de treinador, mas não abandonaria os competidores flagrados no controle de dopagem.

Os três atletas obtiveram patrocínio da empresa Probiótica, que produz suplementos alimentares. O trio está suspenso até 14 de junho de 2011. Em troca do apoio para seus pupilos, o técnico fará de seis a oito palestras em escolas para a empresa.

Lucimara, Bruno, Jorge Célio e Jayme, assim como o técnico Inaldo Sena e as corredoras Josiane Tito e Luciana França, também flagradas no exame realizado em Presidente Prudente em 15 de junho, foram demitidos da equipe Rede Atletismo.

O escândalo pode ter novos desdobramentos. Os atletas, os técnicos e o fisiologista Pedro Balikian, acusado de ter ministrado EPO aos competidores, serão ouvidos quinta-feira, em São Paulo, pela comissão de inquérito instalada pela CBAt. Uma equipe da Unesp também deve estar presente.

Jayme e Pedro, afastados da universidade, podem ser demitidos. O técnico admitiu que teme a punição, mas não demonstra insegurança. “Temo sim, mas, se isso acontecer, tenho competência para seguir a minha vida e continuar trabalhando. Fiz duas faculdades e, modéstia à parte, tenho muito conhecimento”, afirmou o técnico, que é graduado em fisioterapia e educação física, com os títulos de mestre e doutor.

Inaldo Sena também está suspenso de suas funções. Funcionário concursado da prefeitura de Presidente Prudente, lotado na Secretaria de Esportes, treinava cerca de 30 atletas por meio de um convênio entre a Unesp e o poder municipal.

Os envolvidos no caso serão ouvidos pela CBAt a partir de quinta-feira. Os treinadores devem declarar à entidade que ministraram o EPO não com o objetivo de aumento de performance, e sim para acelerar a recuperação dos competidores.

Os atletas vão reafirmar o desconhecimento do conteúdo das injeções que receberam. “Tomei uma coisa sem saber, para mim era aminoácido para treinar melhor. Não sabia e, se soubesse, não teria tomado. Sou inocente e vou dizer isso à CBAt”, afirmou Lucimara Silvestre.