Jayme comprova a fama de auxiliares campeões no Fla

Mal sabia o Atlético Paranaense que selava o seu destino de vice-campeão da Copa do Brasil no dia 19 de setembro, com uma grande atuação e uma vitória contundente e afirmativa sobre o Flamengo, o mesmo que impediria uma conquista inédita. Naquela noite, o time rubro-negro carioca vencia por 2 a 0 e foi superado por 4 a 2, no Maracanã. Minutos depois, Mano Menezes abandonava o navio que parecia destinado a naufragar em uma temporada de tormentas.

A partir dali, tudo mudaria. Auxiliar há três anos na Gávea, Jayme de Almeida, como tantas vezes ocorreu na história flamenguista, assumiu o comando de um time que parecia sem rumo e sem solução. Dois meses e meio depois, o Flamengo é campeão da Copa do Brasil pela terceira vez, tem garantida participação na Copa Libertadores e pode ambicionar um 2014 de objetivos ainda maiores.

Jayme de Almeida é calmo, ponderado, trabalha muito e em silêncio e não faz propaganda de si. “Eu não sou o ‘demais'”, costuma dizer, com humildade, mas sem modéstia, ciente de suas capacidades. Com tais características, o técnico tranquilizou um ambiente de vestiário que ameaçava ruir. Uniu os jogadores, deu-lhes confiança e definiu um time titular. Foi essa formação que resistiu ao Atlético e ergueu a taça, nesta quarta-feira, em um Maracanã que relembrou seus grandes momentos, na primeira final disputada por um clube no estádio desde sua reabertura.

O sucesso de Jayme de Almeida não é inédito. Ao contrário, na história do clube de maior torcida do país muitas das grandes conquistas foram obtidas por treinadores que cresceram na Gávea, com o traquejo de lidar com sua política conturbada e a inteligência para driblar as artimanhas dos corredores obscuros.

Para citar os exemplos mais recentes, foi assim com Carlinhos, campeão brasileiro em 1987 e 1992, e com Andrade, que conquistou a mesma honraria em 2009, o último troféu nacional do clube rubro-negro antes da taça desta quarta.

E, assim como os citados, Jayme de Almeida tem suas raízes ligadas ao Flamengo desde sempre. Seu pai, também Jayme, foi dos jogadores que mais defenderam o clube, com 341 partidas nos anos 1930 e 1940. O atual técnico também deixou seu legado como um zagueiro técnico, mas firme, em 198 partidas, entre 1974 e 1977. “A história da minha vida aconteceu no Flamengo. Meu pai foi tricampeão carioca como jogador (1942/43/44) e como auxiliar técnico (1953/54/55)”, destacou Jayme, após seu primeiro jogo como técnico efetivado, o empate em 1 a 1 com o Botafogo, pelas quartas de final da Copa do Brasil, há dois meses.

Na caminhada ao título, Jayme de Almeida conseguiu transferir seu perfil tranquilo aos jogadores e impor um estilo de jogo consistente e bem delineado ao time. Foi com tais traços que a equipe conseguiu superar o Goiás, nas semifinais, e depois os paranaenses.

O inesperado triunfo já garantiu ao treinador a permanência no cargo para o ano que vem, quando deverá ter um elenco mais encorpado para a disputa da Libertadores. A diretoria, em vez de buscar um técnico com mais bagagem, resolveu apostar em quem tem a pele e a manha rubro-negra. Prometeu pagar cursos de capacitação e aperfeiçoamento para Jayme de Almeida.

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