Especial Baixada 100 anos

Jackson foi uma das referências do Furacão de 49

Referência do Furacão de 49, que é considerado um dos melhores times da história do Atlético, o ex-jogador rubro-negro, Jackson do Nascimento,aos 90 anos, se lembra claramente do acanhado, mas aconchegante estádio Joaquim Américo Guimarães. Foi na velha Baixada, que na década de 40 tinha capacidade para quase seis mil torcedores, o ex-meio-campo atleticano conquistou as edições de 1945 e 1949 do Campeonato Paranaense e é um dos maiores artilheiros da história do clube com 140 gols marcados com a camisa vermelha e preta.

“Me lembro muito bem. Naquele tempo, a Baixada só tinha uma arquibancada de madeira, que ficava ao lado direito para quem entrava pela Rua Buenos Aires. Atrás dos gols haviam muitos pinheiros. Aos poucos, o estádio foi se transformando, ganhou arquibancadas de cimento, depois de tijolo e alvenaria, e mais tarde veio a arquibancada de material. A evolução aconteceu aos poucos, mas o estádio apresentou sempre a mesma característica, sempre ajudando as equipes do Atlético”, contou.

Jackson destacou que, guardadas as devidas proporções, os pouco mais cinco mil atleticanos que iam aos jogos na década de 40, faziam a mesma pressão que o torcedor rubro-negro faz atualmente na nova, ampla e moderna Arena da Baixada. “Era uma torcida pequena, onde iam de quatro a cinco mil torcedores por jogo. Mas eles ficavam muito próximos do campo. Dessa proximidade onde ficavam os torcedores, metade ficava pendurada na cerca que tinha em volta do campo. A maioria ficava torcendo para nós e outra parte ficava xingando os adversários. Assim sempre foi a torcida do Atlético, calorosa e jamais deixavam de ir ao campo nos apoiar”, recordou o craque atleticano de 49.

Durante a entrevista, quando viu uma foto tirada durante uma partida na temporada de 1949, Jackson do Nascimento não escondeu a emoção e rapidamente as grandes lembranças da época vieram a sua mente. “É uma coisa muito boa. Uma lembrança fantástica de ver uma foto do estádio daquela época. Todos ali encostados na cerca. Aqueles pinheiros eram a nossa referência para chutar a bola no gol. O que fizemos em 1949 foi o máximo que um time de futebol poderia conseguir. Era difícil nos bater. É, realmente, uma lembrança formidável, lembrar que ali jogaram Caju, Raul, Bibe, Osório, entre outros”, se emocionou Jackson.

Allan Costa Pinto/Arquivo
Jackson fez história no Furacão.

O ex-jogador, que também se formou em direito e exerceu a profissão depois que parou de jogar, frisou que a proximidade da Baixada daquela época pode ser comparada com a pouca distância que o torcedor atleticano ficará do gramado do novo Joaquim Américo. “Naquela época o torcedor tinha mais intimidade com o jogador. Quando íamos pegar a bola na cerca, o torcedor vinha de perto e nos incentivava, tinha o contato mais próximo conosco. Hoje, o estádio voltou a ficar mais próximo, mas a relação não é mais como antes”, afirmou Jackson.

Cornetada

Apesar dos inúmeros elogios feitos à Arena da Baixada, que foi palco de quatro jogos da Copa do Mundo, Jackson criticou a escolha da cor das cadeiras cinzas do estádios e afirmou que o clube deveria ter escolhido o vermelho e preto para deixar o Joaquim Américo ainda mais colorido. “Acho a Arena uma coisa maravilhosa. Podemos chamar de teatro do futebol,pois a Baixada ficou um monumento, coisa mais linda do mundo. Mas não gostei da cor das cadeiras. Deveriam ter escolhido vermelho e preto, pois o cinzento é uma cor morta e não está de acordo com o sangue atleticano, que sempre está fervendo, e com o que diz o nosso hino, que a camisa rubro-negra só se veste por amor. E digo mais, com raiva e com sangue. Assim é o Atlético”, cravou o ídolo rubro-n,egro.

Lembranças

Além das inúmeras vitórias e dos títulos conquistados dentro da Baixada, Jackson se recorda com carinho de uma vitória por 5×2 sobre o Fluminense, em uma excursão feita pelo time carioca em 1949. “Tiveram tantos momentos bons, pois dentro de casa fizemos grandes partidas. O Fluminense, que tinha um grande time na época, veio nos enfrentar e nós conseguimos uma bela atuação e uma grande vitória. Esse foi um dos jogos marcantes, mas todas as partidas na Baixada eram especiais e sempre ficarão marcadas na minha memória”, concluiu.

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