Itália entre investigação e preparação para na Copa

Genebra, Suíça – Pirlo ou De Rossi? Toni ou Gilardino? Totti estará 100% até o jogo contra Gana? Oddo ou Zaccardo no lugar de Zambrotta, que precisará de 15 a 20 dias para se recuperar de um estiramento na coxa esquerda?

Esses poderiam ser os assuntos na concentração italiana, mas do que mais se falou desde que a equipe começou a treinar, há 10 dias, foi do escândalo das escutas telefônicas – um tema que convulsiona e envergonha um país apaixonado pelo futebol e que espera um título mundial que não chega desde que Paolo Rossi e companhia ergueram o troféu em 1982.

O goleiro Buffon – que é suspeito de ter apostado em jogos de futebol, o que é proibido para os atletas segundo a legislação esportiva italiana -precisou deixar o CT de Coverciano, perto de Florença, para ser interrogado no Ministério Público de Parma. O capitão Cannavaro, um dos quase 200 jogadores italianos que são representados por Luciano Moggi (o grande vilão da história, porque as gravações mostram como ele escolhia o tipo de árbitro que queria para os jogos da Juventus e também como orientava jogadores a forçar um conflito no clube em que estavam para facilitar a transferência para sua equipe), fez um discurso em defesa do empresário num dia e no outro – depois de levar uma dura de Guido Rossi, o novo presidente da Federação Italiana de Futebol – teve que retificar suas declarações.

Sobrou até para o técnico Marcello Lippi, que teve sua cabeça pedida por boa parte da imprensa pelo fato de seu filho, Davide, trabalhar para Moggi e ter sido indiciado por formação de quadrilha e obtenção de vantagem mediante ameaças. Os jornalistas acham que não é ético que o técnico da seleção seja pai de um procurador de jogadores, ainda mais que as gravações dão margem a pensar que jogadores podem ter sido convocados a pedido de Moggi, para valorizar seu "produto".

Lippi ganhou um voto de confiança de Guido Rossi e nesta terça, antes de embarcar para a Suíça, recebeu a visita da ministra do Esporte Giovanna Melandri – que foi desejar boa sorte à equipe em nome do governo italiano. Ele se diz "massacrado" pela imprensa e admitiu ter ficado abalado com o indiciamento do filho, mas garante que terá cabeça para guiar a Itália a um bom papel no Mundial. "Confio no meu filho e sei que ele não fez nada de errado. O problema é que na Itália qualquer um que seja indiciado é imediatamente considerado culpado".

A partir de hoje, quando o time entrará em campo para o primeiro amistoso sério na reta final de preparação para a Copa, Lippi e seus jogadores esperam que o escândalo fique em segundo plano. Mas se o caos continuar poderá não ser tão ruim, segundo alguns supersticiosos: em 1982, os jogadores brigaram com a imprensa e se fecharam no trabalho. Deu no que deu.

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