Genebra – Enquanto a alta do preço do petróleo tem sido alvo de debates dos principais líderes políticos mundiais, parte dos recursos gerados no setor ganhou um novo destino: o futebol. Na terça, a empresa russa de energia Gazprom acertou patrocínio milionário no futebol alemão.
A companhia, uma das maiores do setor de gás natural do mundo, fechou contrato de quase US$ 160 milhões com o Schalke 04 dos brasileiros Lincoln, Rafinha e Bordon. O acordo é mais um entre empresas petrolíferas e de gás no futebol.
O fenômeno tem se tornado cada vez maior e não se limita mais aos países do Oriente Médio, que desde a década de 70 financiaram seus campeonatos com base no petróleo. Com a alta histórica do preço do petróleo nos últimos meses, empresas de várias regiões do mundo, principalmente na Rússia, têm buscado novos mercados para investir seus abundantes recursos. O futebol tem sido um dos principais destinos.
Na Rússia, a empresa Sibneft, quinta maior petrolífera do país, já havia fechado contrato de US$ 54 milhões para patrocinar o CSKA e trazer jogadores como Vágner Love. Enquanto isso, a companhia Lukoil fechou com o Spartak, enquanto o Dínamo Moscou ficou com a Yukos. A Gazprom ainda comanda o Zenit de São Peterburgo.
Mas com tantos recursos, o mercado russo de futebol ficou pequeno demais. A Lukoil passou a investir em times do Leste Europeu, como os búlgaros do Neftochimik. Magnatas que fizeram suas fortunas no setor petrolífero, como Roman Abramovich, optaram pelo Chelsea, enquanto Boris Berezovsky apostou na MSI e em sua parceria com o Corinthians.
No caso do Schalke, o acordo de cinco anos tem como objetivo ainda incrementar a promoção da Gazprom na Europa, um dos principais mercados para a energia exportada pela Rússia. Não por acaso, o acordo foi assinado às vésperas de uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel. A Gazprom, ainda uma estatal russa, é responsável por 25% do gás consumido na Europa. Na Índia, país com pouca tradição no futebol, a petrolífera ONGC assinou contrato para patrocinar todo o campeonato de 2006.
No Oriente Médio, apesar da tradição em investir no futebol, os magnatas do petróleo incrementaram ainda mais sua atuação no esporte nos últimos meses. O Catar, por exemplo, tem a terceira maior reserva de gás natural do mundo e, desde o início do ano, todos os dez clubes da primeira divisão contam com técnicos estrangeiros. Os cartolas ainda decidiram distribuir US$ 2,5 milhões em prêmios para os participantes da liga nacional, um recorde atingido graças à alta do petróleo.