O ?caso Miranda?, ao que tudo indica, seguirá assombrando os bastidores do Paraná Clube. Pelo menos ao longo dos próximos dois meses, já que o conselho deliberativo o julgará por supostas transações ilícitas somente no final de fevereiro. Algumas dessas negociações – como as de Thiago Neves e Eltinho ? são vistas, no mínimo, como uma clara evidência de ?má gestão?. Essa é a avaliação do presidente da comissão de investigação, Benedito Barbosa.
O procurador federal fez alguns esclarecimentos sobre o processo investigativo que se estendeu por mais de um mês, período em que nove conselheiros produziram mais de dez horas de interrogatórios, um relatório e três conclusões distintas. No entanto, em todas elas, explicou Barbosa, a culpabilidade de José Carlos de Miranda ficou clara. A afirmação vai na contramão daquilo que o ex-presidente apregoou ao término da reunião do deliberativo, na última terça-feira.
Miranda disse que após toda a investigação, nenhuma prova foi produzida. Benedito Barbosa discorda com veemência. E lembra que todos os pareceres foram contrários ao dirigente. Em especial no que diz respeito ao fato de Miranda exigir dinheiro de empresários para autorizar transações. ?É uma evidência irrefutável. Ele tirou proveito da sua posição no clube. E, isso, independe do fato dos valores não terem saído dos cofres do Paraná?, explicou Barbosa.
O presidente da comissão lembrou ainda que a maior divergência entre os pareceres da comissão dizia respeito ao procedimento a ser adotado para o julgamento do caso. ?Na conclusão do Roika, por exemplo, ele entendia que a junta disciplinar deveria julgar a questão. Além disso, pedia uma investigação mais detalhada a todo o conselho diretor. Nós entendíamos que a missão caberia ao pleno do conselho deliberativo?, lembrou Barbosa. ?Já o Ocimar, que produziu o terceiro parecer, tinha o mesmo entendimento quanto ao fórum para o debate. Só que também deixava a indicação para que outros dirigentes fossem investigados.?
Porém, no princípio básico da questão – o envolvimento de Miranda – todos os nove conselheiros (Benedito Barbosa, Luiz Antônio Gusso, Roosevelt Taborda, Édson Medeiros, Ocimar Bolicenho, Carlos Augusto de Mello, Marcelo Denardi, Mauri Roika e Moacir Carlos Baggio) detectaram atos que não condizem à figura de um presidente. Ou seja, na comissão, Miranda ?perdeu? por 9×0. ?Só que a questão deve ser agora discutida no conselho. A nossa comissão nunca teve poder para condenar ou inocentar. Esse parecer cabe ao pleno?, concluiu o presidente da comissão de investigação.
Miranda bota culpa em Vavá
O presidente afastado José Carlos de Miranda não se eximiu de culpa pela campanha pífia do Tricolor no último Brasileiro. Mas imputou ao então diretor de futebol Durval Lara Ribeiro a maior fatia, garantindo que sempre foi Vavá o principal responsável pela montagem do elenco. Também disse que Ribeiro é ?irresponsável? e que ?tramou? a situação para se isolar no comando do departamento de futebol.
Vavá Ribeiro, pouco afeito a entrevistas, disse que se hoje ocupa a vice-presidência do setor foi por convite da nova diretoria, composta por Aurival Correia, Márcio Villela e Aquilino Romani. ?Só luto pela profissionalização do departamento de futebol, que já deveria ter ocorrido há tempos. Fosse assim, um presidente não teria plenos poderes para definir o treinador do time?, alfinetou Vavá, numa referência à escolha de Miranda por Gilson Kleina.
?Além do mais, quem está sendo investigado é ele. Estou preocupado em montar um time e recuperar o patrimônio perdido?, disse o dirigente, lembrando os casos de Thiago Neves e Eltinho. A Justiça do Trabalho deu ganho de causa ao clube, desconsiderado os contratos assinados com a Systema, empresa de Léo Rabello. Para romper o contrato com o Tricolor, Thiago Neves, por exemplo, terá que depositar R$ 3,9 milhões.
O grupo que financia o Fluminense já teria feito uma proposta para levar o jogador (R$ 1 milhão). Só que o valor tende a crescer, já que o novo técnico do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, declarou que quer Thiago Neves na sua equipe.