Foi suado, chorado, na base da raça, mas o Internacional conseguiu se tornar o primeiro clube brasileiro campeão da Copa Sul-Americana nesta quarta-feira (3) à noite. Depois de perder para o Estudiantes no tempo regulamentar, Nilmar marcou o gol do título gaúcho já no segundo tempo da prorrogação, empatando o jogo por 1 a 1 no Beira-Rio e garantindo a taça.
A conquista veio graças à vantagem conquistada na Argentina, no jogo de ida, quando o Inter derrotou o Estudiantes por 1 a 0. Além do título inédito da Sul-Americana, o Inter se tornou a única equipe brasileira a conquistar também a Libertadores, a Recopa Sul-Americana e o Mundial de clubes da Fifa. No continente, apenas o Boca Juniors conseguiu o mesmo feito.
Na partida decisiva no Beira-Rio, o Internacional iniciou o confronto procurando se impor. Mas encontrou um Estudiantes valente, que estava disposto a fazer de tudo para reverter a desvantagem na final. Mesmo com o time argentino tendo uma postura mais ofensiva que o esperado, o clube gaúcha ia, aos poucos, começando a controlar o jogo.
Com dificuldade na saída de bola, por causa da forte marcação do Estudiantes, o Inter se soltava na frente, abusando dos toques rápidos para chegar ao gol do Estudiantes. Nilmar poderia ter saído na cara do gol aos 12 minutos, se não fosse a falta dura de Alayes. Depois de passar por Verón no meio-campo, o atacante foi parado pelo zagueiro, que recebeu o cartão amarelo.
Aos 22, a torcida numerosa no Beira-Rio reclamou pênalti. Na tentativa de cruzamento do lateral Bolívar, a bola bateu no braço esticado do zagueiro Alayes, que tentava cortar o lançamento na área com um carrinho. O árbitro, no entanto, entendeu que o lance não foi intencional.
Se não marcou o pênalti no lance, a arbitragem anotou dois impedimentos na seqüência, em lances de perigo de Inter e Estudiantes. Primeiro Nilmar carimbou a trave após cabeçada, mas estava à frente da marcação.
E logo depois, aos 32 minutos, Desábato chegou a marcar para o time argentino, mas o árbitro anulou o gol. Em bola levantada na área, o zagueiro estava em posição legal. Porém, outro jogador do Estudiantes, muito próximo à bola, estava impedido.
Em um jogo muito movimentado, mas com poucas chances reais de gol, o Inter chegou muito próximo de abrir o placar no Beira-Rio. Aos 42 minutos, depois de rondar a área do Estudiantes, Andrezinho bateu rasteiro de fora e a bola desviou na zaga argentina. O chute ia morrer nas redes argentinas, mas o goleiro Andújar conseguiu dar um tapa salvador e mandar para a linha de fundo.
No segundo tempo, o Inter continuou melhor, mas já dava mais espaços para os argentinos e chegava com menos disposição ao ataque. Com a melhora do Estudiantes na partida, o técnico do time gaúcho sentiu que era hora de fazer uma substituição. Tite então sacou o meia Andrezinho e colocou o lateral-esquerdo Gustavo Nery, na tentativa de melhorar o toque de bola no meio-campo.
A princípio, a alteração não surtiu efeito, e o clube colorado não conseguia trocar passes como no primeiro tempo, errando muito. A queda de rendimento acabou culminando com o gol da equipe argentina, aos 19 minutos. Benítez cobrou falta na lateral esquerda e encontrou o zagueiro Alayes livre de marcação na área. O defensor pegou de primeira e fez 1 a 0.
O Inter não tinha mais a vantagem conquistada no primeiro jogo, e a igualdade na final deixou a equipe brasileira nervosa em campo. Para tentar fazer o segundo, o técnico do Estudiantes, Leonardo Astrada, colocou Calderón no lugar de Fernández.
Tite, por sua vez, decidiu fazer uma substituição polêmica, tirando Alex para a entrada do jovem Taison, aos 34 minutos. O atacante, destaque do Inter nesta Sul-Americana, deu sinais claros de que não aprovava a decisão do treinador.
Sem Alex, o Inter foi para cima na base da vontade. A calma havia abandonado o time gaúcho, e só interessava marcar o gol que valeria o título. Aos 44 minutos, porém, foi o Estudiantes que chegou com perigo. Angeleri bateu do bico da área e a bola passou perto do gol de Lauro.
Título na prorrogação
Com as duas equipes cansadas, o árbitro soprou o apito final e a partida se encaminhou para a prorrogação em Porto Alegre. No tempo extra, os time continuaram lentos. O experiente Verón não agüentou e saiu ainda com cinco minutos no Estudiantes, dando lugar a Moreno y Fabianesi.
Aos 11 minutos, o Inter mostrou que estava vivo na partida. Depois de insistir muito dentro da área argentina, levando perigo em várias oportunidades, a bola sobrou para Bolívar na pequena área. O lateral pegou firme, mas mandou em cima do goleiro Andújar, que fez grande defesa, salvando o Estudiantes.
Mas no segundo tempo da prorrogação, nem duas boas defesas em seqüência de Andújar foram capazes de impedir o título do Internacional. Aos oito minutos, D’Alessandro cobrou escanteio e Nilmar acabou com o sofrimento colorado. Mas o atacante só marcou depois de muita confusão na área. Após o desvio de cabeça Andújar defendeu e Gustavo Nery pegou o rebote, mas o goleiro fez nova defesa.
A zaga argentina falhou em afastar e Nilmar não vacilou para garantir o empate que valeu a conquista inédita da Sul-Americana para o Inter e para um clube brasileiro. Com o gol, Nilmar também chegou a cinco na competição e empatou na artilharia com Alex, para a festa geral colorada.
Ficha Técnica:
Internacional 1 x 1 Estudiantes
Internacional – Lauro; Bolívar, Danny Morais, Álvaro e Marcão; Edinho, Magrão, Andrezinho (Gustavo Nery) e D’Alessandro; Alex (Taison) e Nilmar. Técnico: Tite
Estudiantes – Andújar; Alayes, Desábato e Cellay; Angeleri, Braña, Benítez, Verón (Moreno y Fabianesi) e Iberbia (Pérez); Fernández (Calderón) e Boselli. Técnico: Leonardo Astrada
Gols – Alayes, aos 19 minutos do segundo tempo; Nilmar, aos oito minutos do segundo tempo da prorrogação
Cartões amarelos – Magrão, D’Alessandro, Bolívar, Gustavo Nery e Lauro (Internacional); Alayes e Benítez (Estudiantes)
Cartões vermelhos – Agenor (Internacional, no banco de reservas); Boselli e Braña (Estudiantes)
Árbitro – Jorge Larrionda (Fifa-Uruguai).
Renda – R$ 1.043.995,00.
Público – 51.803 pagantes.
Local – Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS).
