O presidente do Internacional, Giovanni Luigi, admitiu nesta sexta-feira que Porto Alegre pode ficar sem jogos da Copa do Mundo se o impasse sobre a responsabilidade pelas estruturas complementares ao estádio Beira-Rio não for resolvido a tempo. “Se não encontrarmos um denominador comum, existe o risco, sim, e não é pequeno”, afirmou.
A quatro meses do início da competição, não haveria nem tempo para uma eventual substituição do Beira-Rio pela Arena do Grêmio. O estádio tricolor ainda não está com todas as suas vias de acesso prontas e dependeria dos mesmos gastos que o Internacional não quer fazer no entorno do Beira-Rio.
O Internacional entende que por já estar cedendo o Beira-Rio e mais seu centro de eventos, edifício-garagem e ginásio Gigantinho sem cobrança de aluguel não deve gastar os R$ 41 milhões previstos em instalações e equipamentos para áreas de mídia, transmissão dos jogos, recepção de torcedores e voluntários. “Entendemos que a montagem disso não é nosso papel”, reitera Luigi, que diz estar negociando uma solução com a prefeitura e o governo do Estado. “Essa é uma responsabilidade de toda a sociedade gaúcha”, ressalta.
Em nota, a prefeitura confirmou que está conversando com o clube e o governo do Estado para solucionar o impasse. Mas, ao mesmo tempo, adverte que “contratualmente, a obrigação sobre as (estruturas) temporárias é do detentor do estádio, o Sport Club Internacional”.
A prefeitura também destaca que um trabalho diário de técnicos do município, Estado e Comitê Organizador Local (COL) conseguiu reduzir o orçamento original, estimado em R$ 79 milhões, para os R$ 41 milhões atuais, com a expectativa ainda de conseguir fazê-lo cair para R$ 30 milhões com novos cortes. O Comitê Gestor da Copa pelo governo estadual não se manifestou até o fim da tarde desta sexta-feira.
O secretário municipal extraordinário da Copa 2014, João Bosco Vaz, lembrou também que a demora da Justiça para julgar ações movidas pelo Ministério Público Federal em setembro do ano passado, pedindo ressarcimento da Fifa pelos gastos com estruturas complementares na Copa das Confederações e para evitar que Estados e municípios paguem por montagens semelhantes na Copa do Mundo “está criando uma insegurança jurídica muito grande, atrapalhando os encaminhamentos necessários para resolver esse impasse”.
Os procuradores da República que moveram a ação entendem que as estruturas complementares, que são desmontadas depois dos jogos, não podem ser bancadas por dinheiro público porque não deixam um benefício para a cidade, como as obras de mobilidade urbana. O processo corre na 8ª Vara Federal de Brasília e o resultado do julgamento pode sinalizar a todas as sedes da Copa do Mundo se podem gastar com as estruturas temporárias ou não.