Porto Alegre – Enquanto a hora da decisão contra o Corinthians não chega, o Internacional cuida de todos os detalhes da mobilização fora de campo. O técnico Muricy Ramalho começou o treino de ontem com uma reunião no meio do gramado do Beira-Rio, na qual trocou temporariamente a tática pela orientação do comportamento dos jogadores. Pediu que todos usem o tempo livre que tiverem no hotel em São Paulo para descansar, sem circular pelos corredores e sem manter contatos com a imprensa fora dos horários programados.
E, nas entrevistas que derem hoje e amanhã, os jogadores devem responder de forma evasiva, a fim de evitar que o técnico do Corinthians, Antônio Lopes, retire alguma frase para motivar seu time.
O Inter não quer dar ao Timão as armas que já ganhou do time paulista e que está usando para incendiar seus jogadores. O clima de vitória antecipada que havia no Parque São Jorge, como a contratação da cantora Ivete Sangalo para a festa do título, e a declaração do vice-presidente, Andrés Sanchez, de que ?enquanto uma pessoa tem duas Mercedes Benz para andar, outras precisam pegar ônibus? são repetidos a todo o instante no Beira-Rio. ?Vamos andar de ônibus, não tem problema?, comentou o atacante Rafael Sobis. ?Temos a cabeça no lugar e vamos tirar disso (as declarações de Sanchez) todo o incentivo que pudermos?.
O lateral-esquerdo Alex também acredita que Andrés Sanchez está motivando o time gaúcho ao referir-se à diferença dos investimentos que os dois clubes fizeram neste ano. ?Com uma declaração dessas, antes de um jogo que decide um campeonato e todo o trabalho do ano, ele está dando uma arma para a gente que ele nem sabe?, comentou o jogador.
Amanhã, Alex terá a oportunidade de responder ao dirigente corintiano no campo. Reserva de Jorge Wagner, ele será escalado porque o titular não se recuperou de uma contusão no tornozelo direito.
Como o treino não foi só para conversar, o técnico Muricy também definiu que Ricardinho vai jogar. O meia não foi bem contra o Brasiliense e seu substituto, Márcio Mossoró, fez o gol da vitória. Mas o treinador preferiu manter o titular, mais afeito à organização de jogadas do que o eventual substituto, que gosta de partir para o ataque.
Na guerra de bastidores, os dirigentes do Inter também agiram durante a semana, enviando um advogado para acompanhar o sorteio do árbitro da partida, no Rio de Janeiro, e pressionando o STJD a suspender o lateral Gustavo Nery, do Corinthians, por ter dado a entender, com uma piscada de olhos, que fez uma armação para provocar a expulsão de Dimba, do São Caetano.
As atitudes não geraram resultados práticos, mas mostraram um clube atento a todos os detalhes de uma grande decisão, inclusive as brigas, pressões e provocações fora do campo.