O canadense James Hinchcliffe, o japonês Takuma Sato e o norte-americano Marco Andretti tem mais em comum do que a presença no pódio da etapa de São Paulo da Fórmula Indy, realizada no último domingo no circuito de rua do Anhembi. Após a realização de quatro das 19 provas da temporada, eles estão nas cinco primeiras colocações do campeonato, numa representação da imprevisibilidade da categoria neste ano.
Enquanto Hinchcliffe (quarto colocado), Sato (líder) e Andretti (quinto colocado) ocupam as primeiras colocações do campeonato, favoritos ao título decepcionam neste início de ano na Indy. O atual campeão Ryan Hunter-Reay está na sexta posição, Dario Franchitti ocupa um modesto 15º lugar e Will Power, que foi vice-campeão nos últimos três anos, é apenas o 18º. Isso também reflete o começo de temporada ruim das poderosas equipes Penske e Ganassi, que ainda não venceram em 2013.
O brasileiro Hélio Castroneves é a exceção. O 13º lugar na etapa de São Paulo lhe custou a liderança do campeonato, mas mesmo assim ele está na terceira colocação, com 116 pontos, sete a menos do que Andretti e a 20 de Sato. Assim, o piloto da Penske admite que já vê o japonês da A.J. Foyt como um concorrente na luta pelo título da Indy. “Temos que abrir o olho porque o japonês já abriu o dele”, disse.
Na Indy desde 2010, Sato conquistou a sua primeira vitória na categoria apenas neste ano, na etapa de Long Beach, que antecedeu a prova de São Paulo. No domingo, ele perdeu a chance de triunfar novamente ao ser ultrapassado por Hinchcliffe na volta final, mas mesmo assim assumiu a liderança do campeonato.
Para mantê-la, porém, ele sabe que precisa de bons resultados nos circuitos ovais. O primeiro desafio será as 500 Milhas de Indianápolis, vencida quatro vezes por A.J. Foyt, o dono da sua equipe. O japonês está confiante em manter o seu bom momento na tradicional prova, mascada para o dia 26 de maio.
“Os ovais são totalmente diferentes. A equipe está se preparando, as outras também, então vamos ver o que acontece. Fizemos um teste no Texas e tivemos um sinal muito positivo, estávamos muito bem. O carro está excelente e espero que se mantenha assim em Indianápolis”, disse.
O bom momento de Hinchcliffe e de Andretti tem forte relação com o excelente desempenho da equipe Andretti no início desta temporada. A equipe venceu três das quatro provas disputadas no campeonato, também se aproveitando dos problemas da Ganassi e da Penske. “Vamos para os ovais, e a Andretti teve carros competitivos em Indianápolis no ano passado. Nós melhoramos durante o inverno, mas as outras equipes também. Vamos ver como será”, comentou Hinchliffe.
Quarto colocado na Indy, o canadense venceu as etapas de São Petersburgo, nos Estados Unidos, e São Paulo, mas abandonou as provas do Alabama e de Long Beach. Ele sabe que precisa ser mais constante para ter chances de ser campeão nesta temporada. “Venci todas as corridas que terminei, então se continuar fazendo isso, vai dar tudo certo”, disse.
Essa consistência foi a razão dada por Andretti para a sua vice-liderança do campeonato da Indy. O norte-americano ainda não venceu em 2013, mas terminou todas as provas nas 10 primeiras colocações e conquistou dois terceiros lugares, em São Petersburgo e São Paulo. “Eu tinhas um estilo agressivo demais e isso era contraproducente. Pensei nisso, me comparei com Ryan (Hunter-Reay, campeão em 2012) e me concentrei em pilotar e saber o usar os pneus”, disse.
Andretti subiu ao pódio das 500 Milhas de Indianápolis em três das suas sete participações e aposta nesse retrospecto para tentar superar Sato e assumir a liderança da Indy. “Nós sempre corremos bem em Indianápolis”, disse. “Obviamente, a prova em um oval é completamente diferente. Nós precisamos ter um bom carro lá. Se não pudermos ganhar, espero conseguir outro bom resultado e seguir pontuando”.
O bom momento desses pilotos emergentes, porém, não tira os principais nomes da Indy da luta pela vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis e nem da luta pelo título do campeonato. Franchitti e Helinho vão correr em busca do quarto triunfo e tentarão igualar as marcados dos recordistas Al Unser, A.J. Foyt e Ricky Mears na tradicional prova. E a Penske, equipe do brasileiro e de Power, é a maior vencedora da prova, com 15 triunfos.
“Vou para ganhar”, disse Helinho. “Perdi a liderança, mas ver grandes equipes com problemas dá uma indicação de que sigo com chances de ser campeão. Vou com a mesma garra para as 500 Milhas de Indianápolis”.
Kanaan também não pode ser descartado da luta pela vitória em Indianápolis. O brasileiro, mesmo com a mão direita machucada, se destacou em São Paulo. Ele garantiu o quarto lugar no grid e chegou a liderar a prova, mas sofreu uma pane seca. Para ele, a prova no Anhembi mostrou que o seu primeiro triunfo está perto. “Sinto que estamos chegando perto da vitória, mas precisamos terminar. O dia em que a gente fizer tudo certo e for o nosso dia, sabemos que vai acontecer”, afirmou.