A contratação do craque Ronaldo pelo Corinthians provocou divisão entre os principais ídolos da história do clube. Enquanto o ex-camisa 10 Neto, eterno xodó da Fiel, comemorou, o doutor Sócrates, líder da Democracia Corintiana em 1982 e 83, fez críticas. Não ao clube, que, segundo ele, acertou na jogada de marketing, mas ao atacante.
“Eu, na idade dele, jamais jogaria no Corinthians. O Ronaldo merece o Paris Saint-Germain, que é chique e não ganha nada. No Corinthians, vai ser vaiado no primeiro jogo”, afirmou.
Neto diz que também criticou no início, mas que, ao saber que o próprio jogador pediu para não ter privilégios no clube, sentiu que estava disposto a dar a volta por cima. “Acho que não vai jogar tudo que jogou, mas, se for 30%, já vai fazer muita diferença neste futebol de hoje”, comentou. “Sem contar que foi uma grande estratégia de marketing. O mundo do esporte só vai falar do Corinthians”.
Para o ex-lateral Wladimir, que brilhou no clube nas décadas de 70 e 80, tudo vai depender do interesse do atacante. “Se ele estiver entusiasmado e voltar a se dedicar ao futebol como sempre se dedicou, tem tudo para dar certo. Muita gente duvidava dele depois da segunda contusão no joelho, mas voltou e ganhou uma Copa. Agora, vai ser a mesma coisa”, explicou. “Não resta a menor dúvida que, desta nova geração, foi o melhor jogador do mundo”.
Já Sócrates adotou uma postura completamente diferente. “Foi um acordo de alto risco, principalmente para ele. O nível de cobrança no Corinthians é muito grande. Eu conheço bem. O Ronaldo tem uma imagem histórica e, tanto pela idade quanto pelas contusões, será impossível jogar o que jogou. Por isso, pelas minhas previsões, vai ser vaiado na primeira partida”, opinou.
“E não estou criticando a torcida porque ela está na dela, quer o melhor para o time. O problema é que vão esperar que ele seja como foi, e isso é impossível. Até porque o Ronaldo é um atleta de explosão física. O certo seria mudar de posição, virar armador, ficar na boa”, diverte-se o ex-camisa 8.
E quanto a possibilidade de jogar parado dentro da área, Sócrates vai logo avisando. “Ele não tem esta característica e nem o marketing do Romário, o único que conseguiu enganar 5 anos sem se mexer em campo. O fato é que o Romário é um personagem maravilhoso, bem ao estilo carioca, perfeito para o folclore do futebol do Rio. O Ronaldo não tem esse marketing”.
Bem-humorado, Sócrates dá até a receita para o final de carreira ideal para Ronaldo. “O Paris Saint-Germain só ganhou título quando o Raí estava lá. Agora, luta para ficar entre os dez primeiros do Francês. Lá, o Ronaldo seria um príncipe, qualquer coisa que fizesse estaria bom demais. Ia só jogar no Parque dos Príncipes e poderia tomar um bom vinho na noite de Paris. Tudo perfeito, nada de cobrança”.