Depois que o técnico Jorge Sampaoli pediu a contratação de um goleiro habilidoso com os pés, Vanderlei passou a treinar mais esse fundamento. Além disso, diz que já fazia o mesmo com o técnico Dorival Junior. Mas afirma que o mais importante é ser bom com as mãos. “Alguns técnicos não gostam de ver o goleiro sair jogando. Importante é ser bom com as mãos”, disse ao Estado.
A torcida ficou ao lado do ídolo. Nos jogos do Santos, ele é aplaudido até quando toca de lado para algum zagueiro. A diretoria, por sua vez, cedeu ao treinador e contratou Éverson, que estava no Ceará. “Não existe rivalidade. Um ajuda o outro”, concilia o santista.
Confira a entrevista do Estado com Vanderlei:
Sampaoli é muito diferente dos técnicos brasileiros?
Essa diferença não vem pelo fato de ele ser estrangeiro. Cada treinador tem uma filosofia de trabalho. A gente tem de adaptar. O mais importante é que os resultados venham junto.
O que mais chamou sua atenção no estilo dele?
Ele é um técnico intenso. Trabalha com a linha muito alta (jogadores sempre próximos da área adversária). A gente tem de defender com a bola.
O que é ser intenso?
O treino é forte, sem parar. Dentro de campo, não queremos deixar o adversário respirar e pensar o jogo. A gente tenta pressionar o tempo todo para recuperar a bola.
Como você recebeu as críticas de não saber jogar com os pés?
Ele (Sampaoli) estava fora do País e não acompanhava muito bem o tipo de trabalho aqui. A gente trabalhava com treinadores que não gostavam de sair jogando com o goleiro. Eles pediam para a gente chutar para o centroavante brigar lá na frente. Isso é característica de cada treinador. A gente começou a trabalhar a saída de bola com o Dorival.
O Sampaoli é parecido com o Dorival então?
Sim. A gente trabalhou muito isso (saída de bola) com o Dorival Júnior. Ficamos quase três anos fazendo esse tipo de trabalho. Quando o Sampaoli chegou, foi só se readaptar. Só acho que a situação não foi conduzida da melhor forma.
Pelo treinador?
Não falo dele especificamente. Falo da situação geral, imprensa e diretoria do clube. Foram muitas notícias falando dos goleiros do Santos. Se a diretoria quer contratar um goleiro, é só ir lá e contratar. Foram muitas matérias negativas, que diziam que os goleiros não sabiam jogar com os pés. É preciso dar tempo ao tempo.
Hoje você treina mais com a bola nos pés?
Sim. Se ele quer que o jogador atue com os pés, tenho de fazer isso. Mas eu já estava acostumado. Foi uma readaptação.
Isso é fundamental?
Alguns clubes necessitam, outros, não. O fundamental é com as mãos. Não adianta ser o melhor com os pés e não resolver debaixo das traves.
E o Éverson?
As pessoas pensam que existe rivalidade entre a gente. Não é assim. O ambiente é bom, de respeito e descontração. O Éverson é um cara bacana. Um ajuda o outro no Santos.
O goleiro precisa de ritmo de jogo. Por outro lado, o Santos tem dois bons goleiros.
Como será esse revezamento?
Não digo revezamento. É preciso poupar os atletas por causa do desgaste das viagens. Temos uma comissão grande que vê o cansaço de cada um. Não só os jogos desgastam, mas principalmente as viagens. Sou fominha, quero jogar em todos os torneios, mas o Éverson vai mostrar o trabalho dele. O Santos está bem servido.
O São Paulo procurou você?
Foi uma relação entre os clubes, o contato ocorreu apenas entre os presidentes. O Peres falou que houve uma procura, mas acabou vetando. Não fiquei pensando muito nisso. Estou muito feliz no Santos.
Você é tímido? É verdade que não gosta de entrevistas?
Não gosto de ficar falando toda hora. Fica maçante. Mas não tenho problema em falar. Eu entendo que no Brasil é preciso ter assuntos sobre futebol o tempo todo. O futebol tem uma importância grande aqui.
Hoje, você está com 35 anos. Já pensa em aposentadoria?
Eu me cuido muito. Cuido da alimentação, faço academia e respeito a recuperação após os jogos. Acho que dá para jogar até os 41 anos mais ou menos. Mas é difícil prever o que vai acontecer no futuro.
E a seleção brasileira?
O principal é estar bem no clube. A convocação não depende só da gente. Existem outros profissionais. Temos de respeitar e buscar nosso espaço.
Desistiu de ser convocado?
Não podemos desistir nunca, independentemente da idade ou do tempo que já está passando. Penso dessa maneira.