Ídolo pra lá de irreverente

O futebol paranaense viveu um clima de nostalgia no final de semana que marcou a abertura do campeonato estadual de 2003. Longe de Curitiba há mais de 15 anos, o artilheiro Zé Roberto, que brilhou na dupla Atletiba nos anos 60 e 70, esteve na cidade para o lançamento do site

www.futebolpr.com.br e aproveitou para matar saudades dos tempos de ídolo, quando chegou a ser comparado a Pelé. “Isso é exagero. O Rei não tem adjetivos. Ninguém foi ou é tão bom quanto ele.”

Como não poderia deixar de ser, Zé Roberto não teve como escapar de reviver toda a lenda que se criou em torno de seu gosto pelas noitadas. “Realmente gostava muito de sair, mas aumentam um pouco. Geralmente saía após os jogos. Era minha folga e gostava de me divertir”, diz o artilheiro, protagonistas de histórias lendárias. Há quem garanta que foram buscá-lo algumas vezes em boates para treinar e que não era muito dado aos treinamentos. “Realmente não era chegado em treino. O bom jogador já nasce sabendo jogar, não tem que ficar treinando o tempo todo. No jogo eu me dedicava, pois era o que eu mais gostava de fazer.”

No entanto, Zé Roberto reconhece que hoje a dedicação dos atletas aos treinos tem que ser maior, em função da valorização da força física. “Hoje perdeu-se um pouco da magia. Futebol se joga com a cabeça e não apenas com o corpo. Hoje os jogadores têm medo de jogar”, diz. Outra coisa que desagrada o artilheiro no futebol atual é a facilidade com que se “fabricam” ídolos. “Antigamente para o jogador ser ídolo tinha que ser regular, jogar bem em um campeonato inteiro. Hoje se o jogador arrebenta em um jogo, já é coroado”, critica.

Ídolo no Coritiba, onde foi tricampeão ao lado de jogadores como Cláudio Marques, Leocádio, Hidalgo e Krüger, e também no Atlético, onde jogou ao lado de Nílson Borges e Sicupira, o jogador revelado pelo São Paulo – e que também jogou no Corinthians – garante que tem o coração dividido. “Sou são-paulino, mas por tudo que vivi no futebol paranaense, tenho um amor enorme pela dupla Atletiba.”

Dedicando-se ao ensino de crianças na Prefeitura Municipal de Serra Negra, interior de São Paulo, Zé Roberto garante que o único arrependimento na sua carreira foi não ter se dado o devido valor. “Apesar de todos me valorizarem, eu mesmo não o fiz. Poderia ter ido mais longe se tivesse encarado tudo de modo mais sério”, diz o artilheiro. Mas se não tivesse levado tudo com tanta picardia, talvez hoje não fosse considerado uma “lenda” do futebol paranaense.

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