Idealizado para usar a F1 como forma de despertar a atenção do público para os problemas ambientais do planeta, o novo carro da Honda já está sendo chamado de ?desastre ambiental?. Ao menos para seus pilotos, é exatamente o que tem-se demonstrado o RA107: uma tragédia planetária.
Na prova de abertura do campeonato, na Austrália, Rubens Barrichello ficou em 11.º e Jenson Button, em 15.º. O carro com pintura inovadora ? sem inscrições de patrocinadores, ele é decorado com imagens de satélite da Terra e anuncia um site voltado para a preservação do meio ambiente ?, então, começou a virar alvo de piadinhas. Uma delas: é impossível ser rápido tendo de carregar o mundo nas costas. Outra: é lento porque só consegue dar uma volta completa em 24 horas. E por aí vai.
Mas, para os pilotos, a situação não é nada engraçada. A Honda terminou a temporada passada em alta. Ganhou uma corrida na Hungria e nas últimas sete provas do ano somou 54 pontos. Terminou o mundial em quarto, com 86. Neste ano, a perspectiva de pontuar já parece distante.
?Temos algum problema muito grave, não é possível estar tão ruim?, disse Barrichello ontem, depois do segundo treino livre em Sepang ? onde na madrugada deste domingo acontece a segunda etapa do campeonato. O brasileiro fechou a sessão em penúltimo lugar. Button foi o 15.º.
Rubens identifica nas freadas o maior problema do carro. ?Ele fica desequilibrado?, contou. Button acha que nas curvas de alta é que a coisa piora. ?Ele entra saindo de frente e sai saindo de traseira. É um carro imprevisível?, reclama o inglês.
O que é ainda mais trágico para a Honda é ver a nanica Super Aguri, uma espécie de filial, andando na sua frente. A equipe, que foi criada pela Honda no ano passado unicamente para abrigar Takuma Sato, usa um carro inspirado no modelo de 2006 da matriz. E é bem mais rápido. Cada treino em que Barrichello e Button terminam atrás de Sato e Anthony Davidson, enche o time de vergonha.
Diante de tamanho desastre, a equipe já cogita fazer um novo carro. Às pressas, que possa ser usado a partir da metade do ano só para que o vexame não seja completo. Os maus resultados, como se não bastassem, contaminam o ambiente interno na equipe. Nick Fry e Gil de Ferran, que tocam a operação de F1 da Honda, já têm seus cargos ameaçados.
Na madrugada de hoje, outro capítulo do calvário do time japonês foi escrito na Malásia. O grid de largada definiu-se por volta das 4h de Brasília e o único objetivo de seus pilotos foi fugir da degola na primeira parte da classificação. Lá na frente, Ferrari e McLaren lutaram pela pole, com Renault e BMW Sauber correndo por fora.
A prova de Sepang será disputada na próxima madrugada, com largada prevista para as 4h do domingo, em 56 voltas.
Tatuagem de Kimi Raikkonen surpreende
Mais do que qualquer coisa que tenha feito na pista nos primeiros treinos em Sepang, Kimi Raikkonen surpreendeu o mundinho conservador da F1 ao aparecer no autódromo ostentando uma vistosa tatuagem tribal no punho direito.
Homem de poucas palavras, o finlandês respondeu com um ?vocês vão saber depois? à pergunta sobre o caráter de permanência do desenho. A ?tatoo? leva jeito de ser daquelas temporárias ? Schumacher era um que sempre tatuava alguma coisa no intervalo entre os GPs da Austrália e da Malásia, quando passava alguns dias em praias da Tailândia. Mas nunca se sabe.
Jean Todt, o diretor-geral da Ferrari, disse não se importar com a nova bossa de seu pupilo. ?Se fosse no rosto, talvez eu tivesse falado alguma coisa com ele?, brincou. Para, depois, proteger o piloto: ?E se algum patrocinador ficar descontente, troco o patrocinador em vez de reclamar com Kimi?.
Na F1 de hoje, os pilotos não primam pela ousadia na aparência, com uma ou outra exceção. Vitantonio Liuzzi, da Toro Rosso, é um dos raros moderninhos. Usa brincos e piercings, se veste de forma espalhafatosa e vive com o boné ao contrário. Parece um adolescente de desenho animado. A maioria é bem careta. O máximo que se permitem é deixar o cabelo crescer ou a barba por fazer.