Não foi uma simples apresentação – parecia um “paredón”, típico daqueles filmes de guerra. Repórteres, cinegrafistas e fotógrafos estavam ávidos pelas primeiras imagens e declarações de Josafá e Luís Mário com a camisa do Coritiba, transformando a sala de imprensa do CT da Graciosa em uma confusão. Não era para menos: estavam ali uma das esperanças da temporada e a principal contratação do Cori para 2004.
Dois jogadores que mostraram empolgação em jogar no Alto da Glória. “É muito legal ter, ainda jovem, a oportunidade de disputar uma Libertadores. E eu vou ter essa chance no Coritiba”, comentou Josafá, que foi anunciado na tarde de quarta. “Eu já sabia que o clube era grande e a prova está nessa nossa chegada. Eu enfrentei várias vezes o Coritiba e agora quero aproveitar tudo que o time tem a meu favor”, completou Luís Mário, acertado desde a semana passada.
Os primeiros passos de ambos no Coritiba foram acompanhados de perto pelos jornalistas e ciceroneados pelo vice-presidente Domingos Moro, que valorizou a vontade dos jogadores em defender o clube. “Desde as primeiras conversas com eles e com seus procuradores, no final de dezembro, nós percebemos que havia neles o desejo de defender o Coritiba”, disse o dirigente, ressaltando o fato de Josafá e Luís Mário terem recusado propostas mais vantajosas para jogar no Coxa – o primeiro interessava ao Vasco, o segundo a Flamengo, Atlético-MG e União de Leiria.
Luís Mário é mais experiente e tem ‘cancha’ de competições internacionais, como gosta de falar o técnico Antônio Lopes. “Estou indo para a minha quarta Libertadores e venho com a vontade de conquistar o título”, avisou o atacante, que pediu a Antônio Lopes para jogar na frente – na Coréia, ele jogou no meio-campo, tanto que se destacou mais como ‘assistente’ do que como goleador.
Enquanto isso, Josafá pode ser tanto uma opção como atacante quanto como meia. O jogador é um dos poucos contratados indicado diretamente por Lopes. “Eu queria levá-lo para o Vasco desde o início do ano passado e a passagem dele pelo Fluminense provou que ele não sente a responsabilidade de atuar em uma grande equipe”, comentou o treinador coxa.
Com a chegada da dupla, o Coritiba reforça seu ataque – que, a rigor, só tem por enquanto o centroavante Marcel, sendo que ele pode retornar apenas para a terceira rodada do paranaense. “Trouxemos dois jogadores rápidos, que vão nos ajudar muito”, festejou Antônio Lopes, que no entanto pensa em mais reforços (ver matéria). “A gente nunca atinge o ideal e sempre estamos procurando melhorar a equipe”, finalizou.
Lúcio Flávio está nos planos para a Libertadores
O contrário do que o próprio presidente Giovani Gionédis disse, não virá mais o “pacotão” de reforços para o Coritiba. Para o início da Libertadores, apenas mais dois jogadores serão contratados – e o terceiro, se for o caso, seria Lúcio Flávio. A intenção da diretoria é trazer um atacante de competência reconhecida, o “craque”, como o próprio técnico Antônio Lopes se referiu ao jogador.
O sonho do Coritiba é trazer o colombiano Aristizábal, que conquistou o título brasileiro com o Cruzeiro, mas que não ficará no clube mineiro. “Nós já fizemos uma proposta ao jogador e estamos esperando a resposta”, disse o vice-presidente Domingos Moro. Mas os próprios dirigentes confessam que é muito difícil que ele aceite a oferta alviverde – segundo sondagens iniciais, Aristizábal teria pedido cerca de R$ 180 mil de salário.
Caso o colombiano não venha, a diretoria vai tentar outros jogadores – como de praxe, não citados. “Ficar falando em nomes só atrapalha”, recomenda Antônio Lopes. Mas seria uma contratação de impacto, para agitar o clube e a torcida. “É ótimo, quanto mais jogadores de qualidade vierem, melhor. Mas vamos dar tranqüilidade aos dirigentes, porque eles sabem o que é necessário para reforçar o grupo”, completa o treinador.
Para completar o elenco, viria um lateral-direito para disputar posição com Reginaldo Araújo a possibilidade de Arce e Paulo Baier (já acertado com o Goiás) reforçarem o Coxa foi descartada. “Nós temos no clube um dos melhores laterais do país. Então vamos buscar um atleta para complementar o grupo”, admite Domingos Moro.
E dificilmente virá mais um meio-campista. Ramón deve ir para o São Caetano, e Lúcio Flávio depende de uma conjunção de fatores: a possibilidade do Paraná emprestar o jogador (o Coxa não pretende pagar para tê-lo), o acerto de antigas pendências e os problemas de relacionamento com o empresário Ney Santos, que brigou com diretores. “Eu conversei com o Lúcio, mas se o Paraná quiser compensação financeira fica difícil”, confessa o vice-presidente.
Testes – Dos exames fisiológicos, ficou para a semana que vem apenas a avaliação aeróbica dos jogadores, a que testa a resistência física de cada atleta. Ontem foram realizadas as avaliações antropométricas e a medição de gordura corporal. “Está tudo dentro do esperado”, diz o fisiologista Rodrigo Camargo.
Festa – A assessoria de imprensa do Cori distribuiu ontem aos repórteres, antes da ficha de Josafá e Luís Mário, um texto exaltando a pesquisa realizada pelo Ibope, que indicou que o clube tem 1% da preferência da torcida nacional (cerca de 1,8 milhão de pessoas).
Olhando – Nenhum emissário seguiu para Foz do Iguaçu, mas o Coritiba garante ter olheiros na partida de amanhã, no estádio ABC, que reúne Olimpia e Cianorte. O time paraguaio é um dos adversários do Coxa no grupo 9 da Libertadores.
Mudança – A partida de estréia do Coritiba na Libertadores foi transferida. O jogo contra o Sporting Cristal passou do dia 5 para o dia 10 de fevereiro, uma terça-feira, em Lima (o jogo deve ser no estádio Nacional). O horário também muda: agora, o jogo começa às 17h35 no horário peruano – 20h35 pelo horário de Brasília.
