Mais do que nunca, a estratégia holandesa dos contra-ataques valerá para a semifinal contra a Argentina, nesta quarta-feira, no Itaquerão. No confronto com a Costa Rica, pelas quartas de final, a seleção de Louis van Gaal queria ganhar o jogo logo no primeiro tempo, tanto que entrou em campo com um plano tático inédito nesta Copa, em que utilizava três atacantes: Robben e Depay abertos pelas pontas e Van Persie na área. Não deu muito certo. Agora, contra uma seleção mais forte comandada pelo craque Lionel Messi, o treinador voltará ao esquema do qual mais gosta: zagueiros e volantes aos montes, para liberar os jogadores ofensivos – e considerados os melhores da equipe – Arjen Robben, Robin van Persie e Wesley Sneijder.
Mesmo Sneijder tem no esquema de Van Gaal uma importante função defensiva. Cabe a ele o primeiro combate a partir do meio de campo. No jogo desta quarta, o número 10 Holanda terá a incumbência de atrapalhar os passes em direção a Messi, que partem especialmente dos volantes, Javier Mascherano e Lucas Biglia – este, se for mesmo escalado pelo técnico Alejandro Sabella, como tem comentado a imprensa argentina.
Van Gaal manterá o trio de zagueiros com que começou a Copa, formado por Ron Vlaar, Stefan de Vrij e Bruno Martins Indi. A contusão deste último, logo na segunda partida contra a Austrália (vitória por 3 a 2) obrigou o técnico a buscar alternativas no elenco. O esquema defensivo foi desfeito, mas voltou no jogo das quartas de final, decidido nos pênaltis, contra a Costa Rica. Martins Indi já estava recuperado, tanto que, no jogo anterior, pelas oitavas, substituíra o lesionado Nigel de Jong, principal volante holandês e muito adaptado ao planejamento tático de Van Gaal. De Jong está fora da Copa, segundo informou a delegação holandesa em comunicado oficial à Fifa.
ESCALADA – As inovações do treinador holandês têm se apresentado jogo a jogo. Contra o México (vitória por 2 a 1 pelas oitavas), ele escalou, surpreendentemente, o reserva Paul Verhaeg no lugar do lateral-direito titular Daryl Janmaar. Contra a Costa Rica, veio com Memphis Depay no ataque. A novidade surpreendeu os jornalistas que têm acompanhado a Holanda, pois Van Gaal nunca apreciou o esquema com três atacantes, por considerar que há uma fragilização do sistema defensivo. Sem falar na escalação do atacante reserva Dirk Kuyt na lateral-esquerda, na lateral-direita e no meio campo. Nem o jogador esperava, mas diz estar satisfeito, pois conseguiu vaga entre os titulares.
Mas a maior surpresa de Van Gaal nesta Copa – talvez a maior da Copa – veio ao final da prorrogação da partida das oitavas, quando trocou o goleiro titular Jasper Cillesen por Tim Krul, terceiro reserva da posição. Estratégia que se mostrou vitoriosa. Krul pegou dois pênaltis e os costa-riquenhos voltaram para casa.
Como Van Gaal não costuma revelar com antecedência nem o time que mandará a campo nem o esquema que empregará, as especulações giram em torno da volta ao time dos ex-titulares Jonathan de Guzman, volante, e Janmaat, lateral-direito. E ainda do aproveitamento entre os titulares do zagueiro Joel Veltman e do volante Jordy Clasie. Para o treinador, quanto mais encher o meio de campo e a defesa, menos espaço terá Messi para dar as tradicionais arrancadas e fazer os lançamentos que costumam deixar os companheiros com chances de marcar.
Pode parecer contraditório, mas, jogando desse jeito, a Holanda é a seleção que mais fez gols na Copa. Foram 12 até agora. E a defesa, que deveria ser inexpugnável já levou quatro gols, sendo que dois feitos pela seleção da Austrália, eliminada na primeira fase com três derrotas.
A cilada holandesa contra a Argentina consistirá em atrair os adversários, anulá-los com uma linha dupla de defensores, recuperar a bola e com rapidez lançar Robben e Van Persie. Este é o esquema clássico de Van Gaal, treinado com prioridade desde que a seleção chegou ao Rio. Nos treinamentos, ocorre uma rápida troca de passes entre o meio de campo e a intermediária adversária, seguida do passe vertical em direção aos atacantes. Robben, entrando da direita para o meio. Van Persie, mais estático e perto do gol.