Hoje tem mais uma decisão para o Coritiba

É comum, quase clichê, dizer que cada partida do campeonato brasileiro é uma decisão. Para o Coritiba, entretanto, as últimas partidas vêm sendo realmente decisivas.

Não será diferente às 16h, contra o Flamengo, no Alto da Glória. É mais um momento para o time comprovar que pode se recuperar na competição. É mais uma chance de o elenco mostrar que não são necessários reforços, como geralmente se pede. É mais uma oportunidade para Cuca comprovar o que sempre fala – que o Coxa tem condições de estar em uma posição melhor na classificação.

O treinador, acima de qualquer outra pessoa no Coritiba, acredita na superação dos atletas. Apesar de pedir reforços, Cuca não se cansa de apostar em uma boa campanha da equipe. E se ampara em fatos. "Posso dizer que em todas as treze partidas do brasileiro o Coritiba nunca foi inferior ao seu adversário, com a exceção do primeiro tempo do clássico", comenta, referindo-se ao jogo com o Atlético.

Ali, por sinal, começou a ‘batalha’ do Coxa. Os jogadores passaram a ser criticados, e foram muito questionados. Tanto que ainda se prevêem manifestações contrárias, apesar da recuperação moral que veio com o empate de quinta com o Cruzeiro, em Belo Horizonte. "Espero que todos que forem ao estádio nos apóiem. Vamos tentar buscar a vitória a qualquer custo", afirma o atacante Alexandre.

Talvez seja isso que a torcida mais queira. A junção entre bom futebol, vontade e eficiência ofensiva é o desejo dos alviverdes. "Acho que conseguimos fugir daquela onda de azar. Agora estamos mais confiantes", diz o meia Caio. Alexandre até marcou no Mineirão, mas o gol foi anulado. "Saí comemorando, mas na hora que fui abraçar a turma do banco o Laércio me avisou que o juiz tinha dado impedimento", conta.

Os dois serão os jogadores mais avançados da equipe, que mantém o sistema 4-5-1. "Na verdade, ninguém tem posição fixa, tanto que há momentos que temos muito mais atacantes", afirma Cuca, que gosta dessa tática – que o permitiu escalar os destaques técnicos do Coxa. "Está funcionando, e espero que funcione ainda melhor contra o Flamengo", almeja Alexandre.

E esse bom funcionamento pode ser decisivo – uma vitória traria a calma que o grupo precisa, ainda mais em uma partida como a de hoje, quando Cuca não terá Reginaldo Nascimento e Márcio Egídio, suspensos. É, portanto, o jogo em que o Cori mais sofrerá com desfalques em um mesmo setor, tanto que o treinador ainda não definiu como montará o time, se com um volante mais agressivo ou com um jogador de contenção. O favorito é o jovem Rodrigo Mancha, de apenas 19 anos. "Nós vamos ter esses problemas, mas cada jogo vai provar que o nosso elenco tem qualidade suficiente para encarar essa seqüência de jogos", finaliza Cuca.

Rafinha triste com as críticas

Não há como discutir. Rafinha, 19 anos, é hoje o principal jogador do Coritiba e grande ídolo da torcida. Com a ida de Miranda para o futebol francês, o lateral-direito passa a ser o grande referencial de ‘prata da casa’ do clube, mesmo que tenha sido formado no PSTC. Só que ele, assim como todo jogador, conheceu nos últimos dias o lado cruel daqueles que, quase sempre, aplaudiam suas jogadas.

Ao errar uma cobrança de pênalti contra o Botafogo, Rafinha tornou-se alvo preferencial das vaias e xingamentos da torcida, que estava irada com a derrota do Coxa em pleno Alto da Glória. Mas havia um detalhe naquele jogo: depois de longo tempo, o lateral levara sua mãe para acompanhá-lo no estádio. "Ela estava perto da torcida, e acabou ouvindo muita gente me xingando, e que também falavam mal dela", confessa o jogador.

Os apupos foram muito fortes. "Minha mãe ficou muito chateada, e eu também, porque ela não merece isso", diz Rafinha. "Eu entendo que o torcedor está chateado, e tem o direito de reclamar. Mas não pode ficar falando ou inventando coisas a nosso respeito", desabafa o lateral, que completa com um tom de tristeza. "Da maneira que as coisas estão, não a levo ao estádio."

Rafinha se esforçou para marcar um gol no Mineirão. E ele veio exatamente da forma que lhe escapou dias antes. "Procurei de todo jeito, e aconteceu exatamente em um pênalti. Cobrei e fiz o gol, que eu queria oferecer para minha mãe", conta o jogador coxa, que espera ter a ajuda da torcida contra o Flamengo – para esquecer os maus momentos da semana. "Sei que todo mundo vai nos apoiar. Nós vamos lutar muito para conseguir os três pontos." (CT)

Flamengo tenta reabilitação para garantir o treinador

Bruno Lousada

Rio (AE) – Celso Roth faz hoje seu 14.º jogo no comando do Flamengo. Caso a equipe rubro-negra tropece contra o Coritiba, é provável que o treinador seja demitido. Em sua passagem pela Gávea até o momento, a equipe rubro-negra acumulou sete derrotas, dois empates e quatro vitórias. A torcida, por várias vezes, mostrou-se favorável à rescisão do contrato de Roth.

Na madrugada de sexta, horas após a derrota para o Juventude, por 4 a 2, no Estádio Luso-Brasileiro, os muros da Gávea foram pichados com dizeres endereçados aos dirigentes e a Roth. A pressão para a saída do treinador, no entanto, não altera sua fisionomia nem suas declarações. O técnico do Flamengo segue afirmando que o trabalho está sendo bem feito e que a diretoria lhe dá apoio. Até quando não se sabe, mas ele espera continuar à frente da equipe rubro-negra até o término de seu contrato. "A equipe está errando, falta achar o equilíbrio, mas os jogadores têm demonstrado vontade em campo."

Se depender do retrospecto recente do confronto entre o Flamengo e o Coritiba, Roth pode ficar mais preocupado. A última vitória rubro-negra ocorreu no dia 17 de agosto de 2000, no Maracanã, pela Copa João Havelange. Desde então, foram disputados oito jogos, com três empates e cinco vitórias do time curitibano. E, para agravar ainda mais a situação do treinador, o último triunfo do Flamengo no Estádio Couto Pereira ocorreu no dia 1.º de agosto de 1998, pelo brasileiro. A partir daí, houve quatro confrontos entre os dois times no Couto Pereira, com quatro vitórias do Coritiba.

Além disso, o desempenho do Flamengo jogando fora de casa neste brasileiro é ruim. Em seis partidas, a equipe da Gávea perdeu cinco e somente venceu uma, contra o Figueirense.

CAMPEONATO BRASILEIRO
CORITIBA X FLAMENGO

Coritiba: Vizzotto; Rafinha, Flávio, Vagner e Rubens Jùnior; Rodrigo Mancha (Rodrigo Batatinha), Luís Carlos Capixaba, Jackson e Marquinhos; Caio e Alexandre. Técnico: Cuca

Flamengo: Diego; Júnior Baiano, Henrique e Rodrigo; Leonardo, Da Silva (Jônatas), Augusto Recife, Souza e Renato; Jean e Fabiano Oliveira (Obina). Técnico: Celso Roth

Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 16h
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Assistentes: Cesar Augusto de Oliveira Vaz (DF) e Marrubson Melo Freitas (DF)

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