O zagueiro Axel se recupera |
Há cinco meses o Paraná Clube entra em campo com o simples objetivo de escapar das últimas colocações do Campeonato Brasileiro. Hoje, esta pressão pode chegar ao fim.
Uma vitória sobre o Criciúma, às 16h, no Heriberto Hülse, representa a permanência na primeira divisão nacional. É sinônimo de alívio e de recursos financeiros para a manutenção de um grupo competitivo para a temporada 2005. O técnico Paulo Campos sabe que todo o trabalho será medido pela conquista deste objetivo e avisa: "é importante garantir a vaga o quanto antes".
As duas vitórias em seqüência conquistadas dentro de casa fizeram com que o Paraná reduzisse a apenas 6% a sua probabilidade de queda. A 15.ª colocação, se não é a ideal, não pode ser desprezada. Afinal, o time não atingia esse status desde a vitória sobre o Atlético Paranaense, no dia 7 de julho. "Falta pouco, mas não podemos ficar no quase. Esse grupo só vai relaxar quando tivermos uma certeza matemática. Ou seja: que a chance de rebaixamento seja de 0%", disse o meia Cristian. Ninguém acredita em jogo fácil, mas a confiança do grupo é baseada no bom momento da equipe.
Curiosamente, foi frente ao Criciúma, no primeiro turno, que o Paraná "mergulhou" na maldita ZR. Goleado em pleno Pinheirão (0x3), sob o comando do então técnico Gilson Kleina, o Tricolor penou para se reerguer. Paulo Campos reassumiu o clube e fez do trabalho psicológico sua maior arma. "Encontrei um grupo muito abatido. Com a auto-estima lá embaixo", lembra o treinador. Mesmo sob pressão, conseguiu devolver a unidade ao elenco e com algumas peças-chave, encontrou um padrão de jogo que até então não fora demonstrado.
Muito do sucesso atual se deve à estabilidade defensiva. E, a chegada de Émerson está diretamente ligada a este equilíbrio. Experiente e com passagem pela seleção brasileira, ele qualificou o setor, dando ao time maior confiança. As já costumeiras goleadas tornaram-se coisa do passado. Para se medir em números, desde que Émerson assumiu a condição de titular, o Tricolor sofreu somente 9 gols nos 10 jogos em que ele esteve em campo. No período, o time só perdeu duas vezes e pela diferença mínima (1×2 para Corinthians e São Caetano).
A volta do zagueiro, que não enfrentou o Goiás, deve ser a única alteração do Paraná para a decisão desta tarde. Paulo Campos preferiu não anunciar oficialmente seu time, mas como Axel recuperou-se de lesão muscular, a tendência é que o treinador utilize a mesma formação tática da última jornada. O Tricolor teria, assim, três meias criativos para puxar o contragolpe e tentar surpreender o Tigre catarinense. Fora de casa, até se esperava a presença de Messias, como ocorreu frente ao Paysandu. Porém, a proposta do técnico, ao que tudo indica, será mais ousada. Não esconde o desejo de definir o quanto antes a pontuação necessária para pôr fim ao tormento.
A dica de quem já esteve do outro lado
"O segredo é saber administrar a pressão do Criciúma," Quem avisa é um profundo conhecedor do estilo de jogo do time catarinense. O lateral-direito Etto encara hoje a equipe que o projetou para o cenário nacional e que ainda detém seus direitos federativos. "Hoje, sou Paraná. Estou bem no clube, onde me receberem de braços abertos", comentou o jogador, já em negociação para a renovação de seu empréstimo.
"Já tive uma conversa com a diretoria. Sei que eles querem que eu fique. Também pretendo ficar. Se tiver que escolher entre Paraná e Criciúma, não tenho dúvida: fico no Paraná."
Para Etto, é importante que o Tricolor saiba sair da marcação do Criciúma, que é sempre muito agressiva. "Como o gramado é mais curto que o Pinheirão, por exemplo, eles tentam marcar os adversários já na saída de bola", avisou. "Mas, hoje o nosso time está bem articulado e é só repetir o futebol das últimas partidas, que temos boas chances de assegurar a vitória." O ala espera ter espaços para avançar, pois não esconde que o seu forte é o apoio em velocidade. "Sou um jogador de força e tenho que tirar proveito dessa condição."
Desespero vira para o lado dos catarinenses
O jogo de hoje coloca frente a frente dois representantes do futebol do Sul do País. Paraná Clube e Criciúma já travaram vários duelos. No Brasileiro do ano passado, o Tricolor paranaense faturou os dois jogos, sendo que no segundo turno, a partida era quase que uma decisão por vaga na Copa Sul-Americana. Jogando na Ressacada, a equipe dirigida por Saulo de Freitas fez 2×1, de virada.
A situação, hoje, é diferente. Quem perder pode ficar seriamente ameaçado pelo rebaixamento. Principalmente o Criciúma, que está dois pontos atrás do Paraná. No primeiro turno, os catarinenses chegaram ao jogo com ares de favoritos. Afinal, ocupavam a 10.ª posição e o Tricolor era tão somente o 20.º colocado. Resultado: goleada do Criciúma por 3×0.
Passou o tempo, times foram modificados e treinadores também. Hoje, o Paraná é 15.º e o Criciúma ocupa tão-somente a 18.ª posição. O Tricolor, nesta revanche, pode empurrar o rival catarinense, pela primeira vez no Brasileirão, para a zona do rebaixamento. Mesmo não sendo o ideal, os paranistas reconhecem que um empate não seria de todo mal.
CAMPEONATO BRASILEIRO
44ª Rodada
Local: Heriberto Hülse (Criciúma).
Horário: 16h.
Árbitro: Wilson Luís Seneme (SP).
Assistentes: Ednilson Corona (FIFA-SP) e Émerson Augusto de Carvalho (SP).
Criciúma x Paraná Clube
Criciúma
Roberto; Ângelo, Duílio, Luciano e Gleidson; Cléber Gaúcho, Geninho, Paulo César e Douglas; Marcos Denner e Vagner Carioca (Paulinho). Técnico: Lori Paulo Sandri.
Paraná
Flávio; Etto, Fernando Lombardi, Émerson e Vicente; Axel (Messias), Beto, Cristian e Canindé; Marcel e Galvão. Técnico: Paulo Campos.