São Paulo – Há dez anos, eles praticavam hipismo para se divertir, ficar perto dos cavalos ou simplesmente seguir uma tradição familiar. Três olimpíadas e três pódios brasileiras depois – dois bronzes por equipe (1996 e 2000) e uma prata individual que pode virar ouro (2004) – tudo mudou. No Brasil, a presença de jovens cavaleiros em competições aumenta a cada dia e a maioria já sonha alto: quer suceder Rodrigo Pessoa, Luiz Felipe Azevedo, Álvaro Affonso de Miranda Neto (Doda) e André Johannpeter.
Um exemplo da nova mentalidade é o Torneio de Verão, que reuniu 2 mil conjuntos no Clube Hípico de Santo Amaro e contou com a presença de Doda, Felipinho e Vítor Alves Teixeira, entre outros astros da modalidade. Boa parte desse contingente é das categorias mirim, infantil e júnior, ginetes que antes pensavam em saltar apenas por diversão. Hoje, vendo medalhistas olímpicos ao vivo, passam a ver como real a chance de participar dos Jogos um dia.
Rowin Gustav von Raininghaul Filho, de 11 anos, é um exemplo da tradição de família. ?Montava no colo do meu pai (que é cavaleiro) quando era bebezinho, passei a fazer isso sozinho aos 6 anos.? Mas, por algum tempo, a tradição não foi suficiente. ?Desanimei e passei a jogar pólo?, conta Rowin. ?Voltei a saltar depois que vi pela TV Rodrigo Pessoa em Atenas. Hoje, penso em treinar e, um dia, ganhar uma medalha olímpica como ele.? Rowinho também vê no pai, Rowin Gustav von Raininghaul, e no padrinho, Doda, modelos em quem se espelhar. Mesmo sem cavalo para competir – aguarda a chegada de novos animais -, passou na hípica o tempo que tinha livre só para observar os ídolos em ação.
Victor Cribari de Carvalho, de 13 anos, nem era chegado em cavalos quando começou a montar para fazer companhia aos amigos. ?Comecei a ir bem e a gostar. Depois, vi Rodrigo ganhar a medalha na olimpíada e pensei: ?Um dia, quero estar lá?.? Sabe que a meta exige trabalho árduo e não economiza dedicação. ?Hoje, monto quase todos os dias.?