O Atlético escreveu ontem mais uma página heróica de sua história em competições internacionais. Jogando em Montevidéu, no Uruguai, o Furacão venceu o Nacional de virada, por 2 a 1, e saiu na frente na disputa por uma vaga nas semifinais da Copa Sul-Americana.
Mesmo com cinco desfalques, o Rubro-Negro conquistou uma importante vantagem. Na próxima quarta-feira, na Baixada, pode perder por até 1 a 0 que estará classificado entre os quatro melhores do torneio continental.
Sem poder contar com Cléber e Jancarlos, contundidos, e poupando Erandir, Marcelo Silva e Marcos Aurélio, o Atlético entrou em campo com uma formação diferente. Navarro Montoya, César, Alan Bahia, Willian e Paulo Rink começaram a partida e conseguiram manter o padrão de jogo da equipe rubro-negra.
Com o Estádio Parque Central totalmente lotado, a pressão uruguaia no início do jogo já era esperada. Mas mesmo dominando a posse de bola, o Nacional não conseguia levar perigo ao gol de Montoya.
O Furacão teve calma para resistir às investidas do tricolor e, a partir dos 20 minutos, passou a tomar conta da partida. Aos 26?, Willian cruzou para Ferreira, que desviou de joelho. O goleiro Vieira fez grande defesa e evitou o gol atleticano.
O arqueiro ainda salvou a equipe uruguaia em duas belas cobranças de falta de Michel. Mas a melhor chance de gol da primeira etapa foi do Nacional. Após cruzamento de Brítez, Perrone furou e a bola sobrou para Alonso, que soltou uma bomba na trave.
O ?Decano? voltou para a segunda etapa disposto a definir a partida. Vazquez já havia assustado Montoya com um chute de longa distância quando, aos 11?, Tejera foi lançado na direita e cruzou. Diego Alonso, que jogava no sacrifício, com o menisco do joelho rompido, apareceu livre na área e colocou o Nacional na frente.
Em busca de ao menos um empate, Vadão mudou todo o ataque atleticano e de uma vez só. Ferreira, Paulo Rink e Dênis Marques saíram, para a entrada de Válber, Pedro Oldoni e Marcos Aurélio.
As alterações deram resultado imediato. O Furacão armou um contra-ataque em alta velocidade. Marcos Aurélio foi lançado e tocou para Pedro Oldoni. O artilheiro dominou na entrada da área e acertou um chute rasteiro no canto direito de Vieira, que se esticou todo, mas não alcançou.
Pouco depois, o jogo ficou complicado para o Atlético. Válber dividiu uma bola com Tejera. O árbitro argentino Héctor Baldassi exagerou no rigor e mostrou cartão vermelho para o meia atleticano.
A expectativa era que, com um homem a menos, o Furacão dedicasse todas as suas forças pra segurar o empate. Mas o time rubro-negro ainda encontrou forças para virar a partida.
Aos 43?, Marcos Aurélio recebeu lançamento na área, passou por Caballero e foi agarrado. Pênalti, que o próprio Marcos bateu com categoria, sacramentando a vitória atleticana.
Se se classificar, o Atlético enfrentará pelas semifinais o vencedor do confronto entre Pachuca (MEX) e Lanús (ARG). Na primeira partida, na última quarta-feira, os mexicanos venceram por 3 a 0, na Argentina.
Vitória veio do banco
Foi do banco de reservas que saíram os principais personagens da vitória do Atlético sobre o Nacional. Quando o Furacão perdia por 1 a 0, Vadão foi arrojado, mudando de uma vez todo o ataque.
As alterações determinaram o resultado do jogo. Válber foi expulso, mas dos pés de Pedro Oldoni e Marcos Aurélio saíram os gols da virada rubro-negra. ?Fico satisfeito, porque dois jogadores que estavam no banco entraram e foram muito bem. Eu não me sinto responsável pela vitória, mas sim por deixar o grupo focado nos objetivos. Quem ficou no banco sabia que era para ajudar o Atlético?, comemorou Vadão.
?Foi muito importante para mim e para o Atlético.
O Vadão me chamou para entrar e fui muito feliz?, afirmou Pedro Oldoni.
Ao marcar o gol da virada, Marcos Aurélio chegou a dez gols na temporada, se consolidando como o principal goleador atleticano. São três na Sul-Americana e sete no Brasileirão.
COPA SUL-AMERICANA
Quartas-de-final Jogo de ida
Súmula
Local: Parque Central (Montevidéu-URU)
Árbitro: Héctor Baldassi (ARG)
Assistentes: Sergio Pezzotta (ARG) e Claudio Rossi (ARG)
Gols: Alonso 11, Pedro Oldoni 28, e Marcos Aurélio (pênalti) 43 do 2º
Cartões amarelos: Jaume, Vazquez, Brítez, Perrone (NAC); Michel, Paulo Rink, Denis Marques (CAP)
Cartão vermelho: Válber
NACIONAL 1×2 ATLÉTICO
Nacional
Vieira; Caballero, Jaume, Romero e Viana (Martinez); Vazquez (Juarez), Brítez, Delgado e Tejera; Perrone e Alonso (Castro). Técnico: Marín Lasarte
Atlético
Navarro Montoya; César, Danilo e João Leonardo; William, Alan Bahia, Cristian, Ferreira (Válber) e Michel; Paulo Rink (Pedro Oldoni) e Denis Marques (Marcos Aurélio). Técnico: Vadão
Rubro-Negro tem uma parada dura domingo contra o Fortaleza
Antes de pensar no jogo de volta contra o Nacional, o Atlético encara mais uma pedreira pelo Campeonato Brasileiro. Amanhã, o Furacão deixa Montevidéu e parte direto para o Ceará, onde no domingo enfrenta o Fortaleza.
Lutando desesperadamente contra o rebaixamento, o tricolor cearense será um páreo duro para o Rubro-Negro, que também não pode relaxar. Com 37 pontos, o time da Baixada está apenas cinco à frente da zona de degola.
Assim, mesmo vivendo momentos decisivos na Sul-Americana, o Atlético vai com força total para o Nordeste. ?Não vou poupar ninguém. O Marcelo Silva já está fora pela suspensão.
O Jancarlos dificilmente vai se recuperar e o Cléber melhorou bastante, mas não vou sacrificar ninguém. Temos o Montoya, que é um goleiro experiente, e o Evanílson, que viaja para Fortaleza para jogar. Quem estiver bem joga. Se estiver mais ou menos, prefiro esperar?, avisa o técnico Vadão.
O jogo do final de semana é considerado tão importante pelo treinador que alguns atletas foram poupados da partida contra o Nacional para estarem 100% no domingo. ?O Vadão conversou com todos os jogadores no hotel e falou que iria fazer alterações pensando no jogo contra o Fortaleza. Ele foi feliz e isso deu resultado nessa partida. Muitos jogadores estavam cansados e o jogo contra o Fortaleza será muito importante para a nossa equipe?, diz o artilheiro Marcos Aurélio.
Julgamento define destino de Dago
Hoje é dia de mais um capítulo da novela envolvendo o Atlético e o atacante Dagoberto. Está marcada para esta tarde, na sede do Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba, a audiência de instrução e julgamento do processo que o clube move contra o jogador.
A defesa de Dagoberto tenta reverter a decisão liminar que prorrogou o compromisso do atacante com o Furacão até março de 2008. O foco da disputa está na multa rescisória prevista no contrato. Caso a prorrogação seja revertida, ela cai de R$ 16 milhões para R$ 5,4 milhões.
Na audiência de hoje, serão ouvidas testemunhas de ambas as partes. Se não forem apresentados novos elementos ao processo, uma decisão definitiva deve sair no máximo em duas semanas. ?Para nós, é melhor uma definição o mais rápido possível. Só interessa ao Atlético adiar a decisão?, diz Fernando Barrionuevo, advogado de Dagoberto.
O Atlético prefere não se manifestar sobre o assunto.
