O goleiro Sergio Romero não conteve as lágrimas e caiu no choro ainda no gramado do Itaquerão. E não era por menos. Depois de ver a sua convocação para a Copa do Mundo muito contestada por ter atuado pouco no último semestre em seu clube, o Monaco, ele acabara de se transformar no herói da classificação argentina ao defender os pênaltis de Vlaar e Sneijder. “Agradeço ao Alejandro Sabella (técnico) por ter acreditado em mim. Nunca fiquei tanto tempo no banco de reservas e, mesmo assim, ele confiou no meu trabalho”, disse.
Assim que acabou a prorrogação, antes do início das cobrança dos pênaltis, Romero foi chamado de canto pelo volante Mascherano, que bateu no seu peito e disse aos berros: “Hoje (quarta-feira)), você será o nosso herói”. O ex-corintiano estava certo. Depois, com a classificação já garantida, o goleiro confessou que contou com a sorte. “Não tem truque. A realidade é que tive sorte. Você pode ir na bola e não chegar a tempo, como aconteceu com o goleiro da Holanda”, afirmou.
Visivelmente emocionado, Romero dedicou a classificação à final aos familiares, que estavam no estádio Itaquerão. “Estou realmente feliz por tudo que fizemos. Espero que todo mundo aproveite esse momento. Estávamos esperando por isso havia tanto tempo. Quero mandar um alô para os meus pais e meus irmãos que estão aqui”, disse o goleiro, que ganhou o apelido de Chiquito na infância por ser o mais baixo de quatro irmãos e até hoje é chamado assim pelos companheiros da seleção.
Romero também mandou um recado para os torcedores: “Aproveitem esse momento. Comemorem porque nós também vamos comemorar hoje (quarta) e amanhã (quinta) vamos começar a trabalhar já pensando na final”.
O goleiro fez questão de dividir o prêmio de melhor jogador dado pela Fifa com os companheiros. “Eu ganhei esse troféu, mas ele teria de ser dividido com todos os outros jogadores. A equipe fez um trabalho fantástico”, disse.
Romero também lembrou da importância do técnico Louis van Gaal na sua carreira e, por isso, foi falar com o holandês depois do jogo. “Eu fui agradecer ao Van Gaal por tudo o que ele fez por mim na Holanda (ele jogou no Alkmaar, quando tinha 20 anos). Eu não sabia nada do idioma e ele sabia espanhol e me ajudou bastante”, lembrou.
O retorno da Argentina a uma final de Copa depois de 24 anos tem algumas semelhanças com a campanha do Mundial de 1990. Assim como nesta quarta, a vaga também foi garantida nos pênaltis na Itália. Naquela oportunidade, diante dos donos da casa, quem brilhou foi outro goleiro chamado Sergio, o irreverente Goycochea, que ontem estava nas tribunas do Itaquerão e viu o xará fazer história.
Em 1990, “Goyco” defendeu as cobranças de Roberto Donadoni e Aldo Serena e levou a Argentina para a decisão diante da Alemanha, mesma adversária deste Mundial.