Aos 28 anos, o meio-campista Hernanes considera estar na idade perfeita para disputar uma Copa do Mundo. E a sua primeira tem um componente especial: vai ser no Brasil, diante da torcida e da família. O jogador da Inter de Milão admite, nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira, que, apesar de sempre confiar na convocação, teve um momento de insegurança quando ficou fora do amistoso de março contra a África do Sul, em Johannesburgo. Agora, tem dois objetivos claros: ser titular e conquistar o título. Para isso, entende que será preciso inteligência e foco à equipe. “Temos de ser sérios para alcançar o nosso objetivo”, disse.
Estadão – Pessoal e profissionalmente, o que representa para você disputar uma Copa do Mundo?
Hernanes – É um projeto que tracei para minha vida e minha carreira. O primeiro objetivo era chegar à seleção brasileira e aí, consequentemente, jogar uma Copa. E quando foi decidido que seria no Brasil as minhas expectativas duplicaram. Pela minha idade, essa será a (Copa) mais importante. Estou com a idade perfeita, idade física e mental. Realmente está tudo legal. Eu queria muito poder participar e ajudar o Brasil de alguma maneira a tentar conquistar esse título, esse hexacampeonato. É um sonho realizado… Quando a gente deita, imagina tanta coisa boa… sonha com muitas coisas boas. Mas eu falo brincando que nem nos melhores sonhos você imaginava um momento como esse, tão especial. Jogar a Copa do Mundo no Brasil pela seleção brasileira realmente é um espetáculo para mim e para a minha família. É maravilhoso.
Estadão – Você temeu ficar fora se o Felipão optasse por levar mais um jogador de ataque, por exemplo? Ou tinha certeza de que iria ser chamado?
Hernanes – Eu estava confiante, mas não estava seguro. Ele (Felipão) sempre convocava um primeiro volante e um segundo volante. Luiz Gustavo e Paulinho, depois Lucas Leiva e eu, o Fernando e eu… Sempre foram duplas muito bem formadas que ele convocou. Então eu não temia ser preterido por um jogador de outro setor. O único momento de insegurança que eu tive foi quando fiquei de fora da convocação para o amistoso (de março, contra a África do Sul). Aí, eu pensei por um instante: ‘Pode ser que não’. Mas sempre estive muito confiante, sempre acreditei muito.
Estadão – Você pode exercer várias funções do meio de campo, mas há outros versáteis na seleção. Acha que isso ajudou? Isso pode tornar mais difícil conquistar vaga de titular?
Hernanes – Ele sempre me colocou muito como segundo volante e também, para mim, é a função que mais gosto. Às vezes me colocou um pouco mais na frente, com um primeiro volante e dois meio-campo mais ofensivo. Pelo tanto que eu já fui testado por ele, vejo que posso brigar por uma vaga no time titular sem nenhum problema.
Estadão – Como lidar com a pressão e uma empolgação maior com a torcida. Pode colocar em risco a concentração dos jogadores?
Hernanes – Acredito que nós temos de ser inteligentes. Vamos estar bem motivados. Jogando em casa, com a família e os torcedores presentes, isso já é por si só uma motivação. Então temos de ser inteligentes no sentido de quando as coisas começarem realmente a clarear, com o time sólido, ganhando algumas partidas, manter o ideal. O foco é o seguinte: nada será bem feito na Copa se não ganharmos o título. Porque o que importa é o final. Então não podemos dar brecha, comemorar antes. Todos os passos que formos dando têm de ser com muita moderação. Temos de ser sérios para alcançar o nosso objetivo.
Estadão – Qual a sua análise sobre os adversários da seleção na primeira fase?
Hernanes – São três times que não têm tradição em Copas do Mundo, de chegar em situação importante, não são seleções tradicionais. Mas me lembro que em 1998 a Croácia, que tinha o Suker, surpreendeu e chegou lá na frente (foi 3ª colocada). Esse ano o time dos caras merece atenção especial. Tem um jogador que joga comigo aqui (na Inter de Milão, Kovacic) muito bom, tem o Modric do Real Madrid. Por sorte o Mandzukic não vai jogar contra nós. Na defesa o jogador do Shakhtar (Srna) é muito bom também. Eles têm jogadores de qualidade, temos de ter atenção total.
Estadão – E as outras duas seleções?
Hernanes – Camarões, como todo africano, é time de muita força. A gente sabe que os caras não ligam muito para a parte tática. Eles se lançam ao ataque e são muito fortes na parte física. São partidas difíceis de jogar. O México é um time com jogadores rápidos, de qualidade. Não são times tradicionais, mas são seleções que, se a gente jogar com sono, podem complicar.
Estadão – Quais os principais adversários na briga pelo título?
Hernanes – Essa Copa vai ser bem disputada. Todas as grandes seleções estarão no Brasil. Dos grandes jogadores, só o Ibrahimovic (da Suécia) não vai estar. Eu acredito que a Alemanha é um time forte, a Espanha entra como uma das favoritas, a Argentina tem um ataque muito forte. A Itália sempre chega. Essas quatro seleções são aquelas que começam a Copa como favoritas para serem campeãs.