O novo campeão da Fórmula 1 entrou para a história muito antes de estrear na categoria, vencer corridas e quebrar recordes. Dez anos antes de conquistar o título da temporada 2008, neste domingo, em São Paulo, Lewis Hamilton já merecia atenção e era manchete. Campeão em todas as categorias de kart nas quais correu, o adolescente inglês passou a ser apadrinhado por Ron Dennis, sócio da McLaren, em 1998. E, aos 13 anos, tornou-se o piloto mais jovem a ter um contrato com uma equipe do Mundial de Fórmula 1.

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Desde então, a chegada de Hamilton à Fórmula 1 passou a ser tratada como uma mera questão de tempo. Além de ser o “protegido” da McLaren, ele cativava a imprensa inglesa por seu carisma e rendia boas manchetes. Não bastasse toda a habilidade nas pistas, era um negro de família simples em um esporte dominado por ricos e brancos.

Hamilton não decepcionou. E em 2001, no Campeonato Mundial de kart, veio a confirmação de que Ron Dennis estava certo. Já consagrado na Fórmula 1, Michael Schumacher decidiu participar do evento. O vencedor da disputa foi o italiano Vittantonio Liuzzi, mas as atenções do alemão voltaram-se para o adversário que terminou na sétima posição.

“Ele tem muita qualidade e força, e isso com apenas 16 anos. Se continuar assim, tenho certeza de que chegará à Fórmula 1. É especial ver um garoto como ele correndo”, disse Schumacher na ocasião, ao comentar sobre Hamilton.

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Encerrada a carreira vitoriosa no kart, Hamilton partiu para as categorias de base do automobilismo europeu. Na primeira temporada completa, em 2002, na Fórmula Renault Inglesa, ele terminou em terceiro lugar. No ano seguinte, foi campeão com dez vitórias em 17 corridas.

Em 2004, Hamilton deu um passo maior, para a Fórmula 3 Européia. Na primeira temporada, foi quinto colocado; na segunda, chegou ao título com 15 vitórias em 20 provas. Para chegar à Fórmula 1, faltava apenas um degrau: a GP2.

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Na última temporada antes de chegar ao topo do automobilismo, Hamilton mostrou com vitórias e boas atuações que os ingleses estavam certos quando se referiam a seu potencial. No ano de estréia na GP2, ele desbancou pilotos mais experientes, como Nelsinho Piquet, Timo Glock e Giorgio Pantano, e conquistou o título.

As trapalhadas de Juan Pablo Montoya e a saída de Kimi Raikkonen abriram as portas da McLaren para chegada do inglês à Fórmula 1 em 2007. Pelos resultados conquistados e pelos elogios que recebia da McLaren, Hamilton estreou na categoria coberto de expectativas. E logo nas primeiras provas superou o mais otimista de seus torcedores: subiu ao pódio em suas nove corridas iniciais, com direito a duas vitórias e à liderança do campeonato. Um bom desempenho que deu início a uma guerra interna com o espanhol Fernando Alonso na equipe.

Diante de uma nova estrela, a Fórmula 1 viu em Hamilton um possível substituto de Michael Schumacher. Mas, se todos pareciam esquecer que ele ainda era um estreante, coube ao próprio piloto da McLaren a tarefa de explicitar sua inexperiência. Depois de dois erros consecutivos, nas duas últimas provas do ano – China e Brasil -, ele perdeu a chance de ser campeão mundial em seu ano de estréia.

Em 2008, Hamilton começou o ano mais concentrado e cometendo menos erros. Mas não conseguiu desvencilhar-se do estilo agressivo que marcou toda sua carreira. Errou na saída dos boxes no Canadá, foi punido por cortar uma chicane na Bélgica, abusou da ousadia na Itália e no Japão. Foi criticado pelos adversários, sofreu sanções da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), mas não mudou sua maneira de pilotar, tornando-se o 30º piloto campeão na história da Fórmula 1.