Desta vez, Lewis Hamilton não fez nenhuma bobagem. Depois de levar um pito dos outros pilotos por seu comportamento agressivo na pista, e de ouvir a McLaren praticamente implorar para que não fosse com muita sede ao pote nas duas últimas provas do ano, o inglês ganhou com enorme facilidade o GP da China, penúltima etapa do Mundial de F1.
Felipe Massa foi o segundo e Kimi Raikkonen completou o pódio. O resultado ampliou de cinco para sete pontos a vantagem de Hamilton na classificação.
Significa que ele pode chegar até em quinto em Interlagos, mesmo se o brasileiro vencer a prova, para se tornar, aos 23 anos, o mais jovem campeão da história.
Foi a quinta vitória de Hamilton no ano, construída desde a sexta-feira com os melhores tempos nos treinos livres em Xangai.
No sábado, fez a pole com uma facilidade quase obscena. Na largada, ao contrário do que fizera uma semana atrás em Fuji, partiu bem, saltando à frente de Raikkonen, segundo no grid, à razão de 0s7 por volta no início.
Quando a vantagem se estabilizou em 4s para o finlandês, Lewis passou apenas a administrar a corrida. Fez o tempo passar, como se diz no futebol.
E o tempo foi passando de forma arrastada para Lewis. Pit stops normais, nas voltas 15 e 38, e a liderança jamais ameaçada.
A graça da prova passou a ser tentar adivinhar quando haveria a inversão de posições entre Raikkonen e Massa, que vinha em terceiro mais de 8s atrás do companheiro, num ritmo assustadoramente lento para um piloto e uma equipe que lutam pelo título.
A troca aconteceu na volta 49. Depois da segunda parada na volta 38, Kimi tirou o pé ostensivamente, reduziu muito o ritmo, e mesmo assim Felipe levou um tempão para se aproximar e assumir o segundo lugar. “Era normal nessa situação, sabíamos o que era melhor para a equipe”, disse Raikkonen, sem o menor traço de amargura por entregar a posição.
Massa agradeceu, mas sabe que as coisas ficaram muito difíceis para Interlagos. “Infelizmente não tínhamos carro para vencer aqui. Era impossível. Mas vamos lutar até o final para tentar o título no Brasil, o que seria um sonho”, falou, desanimado. Hamilton, ao receber a quadriculada com 15s de vantagem para Massa, recebeu elogios de seu engenheiro, pelo rádio, por sua “disciplina” em Xangai.
“É assim que temos de fazer em Interlagos”, disse. Lewis concordou. Que ninguém espere, portanto, grandes abusos do britânico no GP do Brasil. Ele já perdeu um título assim no ano passado, levando para a derradeira corrida da temporada os mesmos sete pontos de vantagem que tem agora. Agora, quer reescrever essa história.
