Quando o capitão Dunga ergueu a taça da Copa do Mundo no estádio Rose Bowl, em Los Angeles, os traumas, as eliminações e as incertezas ficaram para trás. O futebol pragmático de Carlos Alberto Parreira, tão bem desempenhado pelos jogadores, colocava, enfim, ponto final a um incômodo jejum de 24 anos sem títulos mundiais e repleto de decepções e fracassos.
Para celebrar o tetracampeonato da Copa, conquistado há exatos 20 anos, no dia 17 de julho de 1994, o grupo brasileiro precisou acreditar nas suas convicções, como frisou ao jornal O Estado de S.Paulo o próprio treinador brasileiro no dia seguinte à vitória no Mundial. “Conseguimos manter uma filosofia de jogo, um conceito que não foi mudado mesmo contra chuvas e trovoadas. Foi uma aposta que nos levou ao tetra”, disse.
Para chegar à conquista, foi preciso suportar uma batalha de 120 minutos contra os italianos em pleno verão californiano. O cenário, entretanto, era apenas mais dificuldade na trajetória do Brasil. Um ano antes, por exemplo, a seleção brasileira foi derrotada pela primeira vez nas Eliminatórias da Copa. Após o revés contra a Bolívia (2 a 0), o time se uniu – a partir do jogo de volta contra os bolivianos, no Recife, na vitória por 6 a 0, os 11 jogadores entraram em campo de mãos dadas.
“Aquele grupo via a disputa da Copa como uma oportunidade, Não tínhamos medo de que não desse certo e transformamos a participação em um privilégio”, afirmou Mauro Silva, volante titular da equipe de Parreira.
Para garantir a classificação para a Copa, o Brasil precisou bater o Uruguai no Maracanã. Naquele jogo, Romário, afastado por Parreira, retornou à equipe depois de nove meses. E fez a diferença. Não só naquele jogo, quando marcou dois gols, mas durante toda a campanha do tetra ao comandar o ataque ao lado de Bebeto (a dupla marcou oito dos 11 gols brasileiros).
Na grande final, após vitórias apertadas sobre Estados Unidos (1 a 0), Holanda (3 a 2) e Suécia (1 a 0), o Brasil contou com a experiência de Taffarel, que defendeu o chute de Massaro nos pênaltis, antes de Baggio chutar por cima da meta. Segundo Zetti, goleiro reserva do time, o treinamento dos goleiros dias antes da final foi muito forte. “Éramos muito unidos, passamos muita força. Ele (Taffarel) fazia a diferença. Era muito rápido e tinha aquela fama de pegar pênaltis”.