O tênis brasileiro ainda não conseguiu absorver a derrota para a Índia na Copa Davis, amargada no último domingo, em Chennai. “Perder é do jogo, mas temos de ver como perdemos”, explicou Fernando Meligeni à Agência Estado. Ele jogou a competição pelo Brasil e foi capitão da equipe do País em 2005. “Ficou mal explicado o abandono do Thomaz Bellucci. Até aquele ponto o confronto estava correndo como planejado. Aquele jogo deixou um gosto amargo”.
Meligeni não compreendeu os motivos do abandono de Bellucci no segundo set da partida contra Somdev Devvarman – perdia por 7/6 (7/2) e 4/0 quando alegou problemas respiratórios. “Ele disse que teve um pouco de dificuldade para respirar. Tenho dificuldade para respirar a toda hora”, ironizou o ex-tenista, que chegou a figurar como 25.º do ranking mundial em 1999.
Em 1999, no duelo contra a França, Gustavo Kuerten também esteve prestes a abandonar o jogo contra Sebastien Grosjean quando perdia por 2 sets a 0 e passou a sentir cãibras. “O Larri (Passos, técnico de Guga) gritava desesperado para ele não abandonar. O Guga não só ficou em quadra como virou a partida. Uma coisa é abandonar uma partida de Roland Garros, como aconteceu com o Bellucci em 2009. A responsabilidade é individual. Outra é largar uma partida de Copa Davis, em que você representa o País. O ponto perdido pelo Bellucci reverteu o confronto”.
Depois que a Índia empatou o duelo (2 a 2), ficou difícil para Ricardo Mello (75.º do mundo) segurar o ímpeto de Rohan Bopanna, 479.º no ranking de simples. “Faltou se impor”, refletiu Meligeni. “Você não pode instigar o adversário, mas existe uma maneira de mostrar para ele que você é 70.º do mundo e o cara é o 400.º. Vi a equipe acuada. A gente tinha 2 a 0 e quem estava mandando em quadra eram eles”.
SURPRESA DE GUGA – Gustavo Kuerten não esperava que o Brasil fosse perder para a Índia depois de ter aberto vantagem de 2 a 0. Mas preferiu não eleger culpados. “É inacreditável”, lamentou o tricampeão de Roland Garros (1997, 2000 e 2001). “Nossa equipe tinha totais condições de avançar, mas ainda é vulnerável, não podemos ter expectativas muito altas. Precisamos ganhar mais maturidade, nosso time é imprevisível”.
O Brasil perdeu a quinta chance consecutiva de entrar no Grupo Mundial da Davis. E Gustavo Kuerten, semifinalista da competição em 2000, deposita pouca confiança na equipe no próximo ano, em que deve voltar a disputar a repescagem. “Precisamos ter uma equipe mais sólida. A Copa Davis é diferente do circuito”.