Florianópolis – Na sua já quase obsessiva idéia de retornar ao circuito profissional de tênis, Gustavo Kuerten deu sua última cartada ao retomar a parceria com o técnico Larri Passos, com quem viveu seus melhores momentos, como o tricampeonato de Roland Garros, o título do Masters Cup de Lisboa e a liderança do ranking por 43 semanas.
Mas o caminho de volta para Guga não será nada fácil. Só como exemplo, se quiser um lugar entre os cem primeiros do mundo, precisará somar 400 pontos, ou seja, ganhar pelo menos oito títulos de torneios da série challenger ou ainda fazer campanhas razoáveis em 18 competições da ATP.
Até mesmo o entusiasmado Larri Passos, sorridente e bem-humorado com a volta do pupilo ao seu lado, mostrou-se cauteloso. ?Preciso saber ainda se tenho uma Ferrari nas mãos, ou um Gordini ou um DKV?, disse o treinador. ?É duro saber de cara quantos cavalos tem o Guga. Mas se ele for dormir às 10 da noite, cansado dos treinos e pular da cama cedo com vontade de treinar e jogar, tenho certeza de que vai dar a volta por cima.?
O otimismo também faz parte dos objetivos de Guga. ?É o momento de buscar algo a mais?, afirmou o tenista. ?Minha meta é voltar a um bom nível, no topo. Tenho o direito de acreditar.?
O plano ambicioso, porém, não está ainda totalmente feito. Afinal, nem Guga e nem Larri Passos colocaram um prazo para a volta do tenista às quadras. Tudo leva a crer que isso só acontecerá no próximo ano. Até lá, Gustavo Kuerten poderá fazer algumas exibições para ganhar ritmo, avaliar suas condições físicas e técnicas, além de manter-se em evidência.
A volta a uma posição de liderança do ranking, ou mesmo próxima dela, é um sonho arrojado. Na história do tênis há exemplos claros destas dificuldades, com várias tentativas frustradas como as de John McEnroe ou Bjorn Borg. Andre Agassi chegou a retomar a liderança do ranking, mas não caiu tanto no ranking como Guga (é o 1.125.º colocado na lista da ATP atualmente) – o norte-americano esteve na posição 142 e jogou apenas dois torneios da série Challenger, ganhando um deles e indo à final do outro.
?Meu objetivo é a longo prazo?, explicou Guga, que completou 30 anos no mês passado. ?Estou buscando meu aprimoramento e o dia-a-dia irá dizer quando posso acrescentar um pouco mais de treinamentos e quando vou estar pronto para jogar.?
Para Larri Passos também não há um prazo. Em entrevista coletiva ontem, em Florianópolis, o treinador não disfarçava seu contentamento por estar novamente ao lado de Guga e contou que foi procurado pelo próprio tenista. ?Ele ligou-me perguntando se poderia ir à minha academia e queria saber se poderia levar as raquetes. Ora, quando o Guga chegou nem paramos no escritório, fomos direto para a quadra.?
Guga fez sua última partida de simples em fevereiro deste ano, na derrota para André Ghem no Brasil Open. Há anos sofre com um problema crônico no quadril e recentemente contratou o fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé, para tentar recuperar a forma física.
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