O Guarani apagou as velinhas do bolo dos 93 anos dos Coritiba, ontem à tarde, ao vencer por 1 a 0, estragando a festa da torcida coxa no Couto Pereira. Confirmando a fama de algoz dos anfitriões, o Bugre alcançou a quinta vitória fora de casa em oito jogos disputados e tomou a sexta colocação do Alviverde, que caiu para sétimo. Foi um presente de grego para o time que completou aniversário no sábado, dia 12.
Apesar de jogar desfalcado de três titulares – Reginaldo Nascimento, Tcheco e Da Silva estão contundidos – o Coritiba começou o jogo com audácia, dando impressão de que a alegria da torcida não demoraria a vir. Ledo engano. Apesar da rapidez de Jabá no ataque e a coesão do meio-de-campo, os erros de finalização levavam a torcida à loucura. A agilidade do setor ofensivo Coxa forçou o time adversário marcar duro e não demorou para o Guarani ficar em desvantagem. O ex-coxa-branca Patrício deu uma entrada dura em Adriano no meio e depois de recuperado do choque, recebeu o cartão vermelho.
Com um homem a mais, a lógica apontava para o sucesso do Coritiba. Mas não foi isso o que se viu em campo. Como remédio para o “desfalque”, o técnico Jair Picerni deslocou Emerson para a lateral – direita, para anular o lépido Adriano. E mesmo que o Coritiba ganhasse o meio-de-campo, o ataque era envolvido pela firme defesa bugrina.
Na tentativa de mudar o panorama do jogo, o técnico Paulo Afonso Bonamigo partiu para o tudo ou nada. Abriu mão do 3-5-2 e implantou um audacioso 4-3-3, Com Pícoli dando passagem a Pepo e Fernando Mello entrando na vaga de Sérgio Manoel, que contestou sua saída após o jogo. “Poderia aguentar até o fim. Vou conversar com o Bonamigo sobre isso”, disse o meia.
Mas antes mesmo que a mudança surtisse efeito, veio o castigo. Aos seis minutos, em uma cobrança de falta, Martinez “calibrou” o pé e acertou o ângulo esquerdo de Fernando. Se o empate já mantinha o Bugre na defensiva, com a vantagem no marcador e um homem a menos em campo, o adversário fez um verdadeiro paredão na própria área. O Coritiba, então, partiu em bloco para o ataque, mas não conseguiu superar o seu maior adversário: a deficiência nas finalizações. “Fizemos as tentativas que podíamos, mas não fomos felizes. Chamo a responsabilidade para mim”, declarou Bonamigo após o jogo.
Com o revés diante do Guarani, o Alviverde somou a terceira derrota consecutiva e tentará reverter a série de resultados adversos nesta quarta-feira. A bola da vez é o Grêmio, que está em 12.º lugar e tem 23 pontos, contra 26 do alviverde.
“Velhinhos” revivem o título de 85 com 6×0
Se o time principal do Coritiba não conseguiu presentear a torcida com uma vitória, a equipe master do alviverde fez a festa na partida preliminar, uma das atrações da comemoraçõ pelos 93 anos do clube. A intenção da diretoria foi reviver momentos de glória do clube, como o da maior conquista da história do Coritiba, o Cameponato Brasileiro de 1985.
Com uma equipe formada por craques do passado – destaque para os campeões brasileiros Rafael, Marildo e Hélcio, o Coritiba goleou o time da empresa Bosch, por 6 a 0, com três gols de Edson Borges, dois de Pachequinho e um de Gavião. “É muito emocionante voltar a ouvir a torcida gritar o nosso nome. Nos faz sentir vivos”, confidenciou o goleiro Rafael.Morando em São Paulo e afastado do futebol, Rafael abriu mão de disputar uma partida comemorativa em São Paulo (entre Corinthians e Ponte Preta) para rever os amigos no Alto da Glória. “Costumo dizer que quando a gente pára de jogar, morremos de certa forma. Esse reencontro, esse carinho da torcida, nos provoca um flashback maravilhoso”.
O auxiliar técnico Édson Gonzaga, outro herói de 85, não pôde atuar na partida por estar envolvido na preleção da equipe principal. “Não deu tempo de entrar em campo. Fiquei com uma dorzinha de não poder jogar novamente com o pessoal, mas vamos ter outras oportunidades”, almeja Gonzaga, que já pensa em solicitar a diretoria a efetivação de uma equipe master no clube.
No clima de conquista de campeonato, tanto Rafael quanto Edson afirmaram estar sentindo vibrações positivas para o clube neste ano. “As equipes estão muito parelhas. O Juventude, que hoje é líder, não tem nada a mais que o Coritiba. Tudo pode acontecer, mas estarei torcendo para nós”.
Para Édson gonzaga, que convive diariamente com o elenco e busca o bicampeonato, o ponto em comum com o time de 85 é a amizade entre os jogadores. “É uma união difícil de se ver em um time de futebol. Todos se apóiam e foi assim que chegamos em 85. Esperamos que o feito se repita este ano”. No registro feito após o jogo, o time alviverde está representado por Caxias, Claudio Marques, Rafael, Sidnei, Gavião, Marildo e Renato. Agachados estão Netinho, Serginho, Aladim, Ronaldo, Tostão, Pachequinho e Hélcio.