Quem esteve ontem à tarde, na Vila Capanema, teve aquela sensação de deja-vu. Atrasos salariais e o silêncio da diretoria culminaram em paralisação das atividades.
O treino de ontem à tarde foi cancelado e os jogadores esperam para hoje uma posição oficial da diretoria sobre as pendências que atingem três meses, na maioria dos casos. É nesse clima tenso que o Paraná Clube entra na sua última semana de preparação para a retomada da Série B.
“Decidimos tomar essa posição para que o torcedor tenha a noção daquilo que estamos passando”, disse o zagueiro Alessandro Lopes, falando em nome do grupo.
“Nosso grupo é muito profissional e vem driblando todos esses problemas. Mas precisamos da diretoria ao nosso lado. Afinal, estamos no mesmo barco”, desabafou.
O que magoa os atletas além dos débitos, é claro é o fato de até o momento ninguém do clube ter dado uma satisfação, uma esclarecimento sobre as “pendengas”.
Um filme que vem se repetindo no Tricolor ao longo de toda essa temporada. “O torcedor não sabe, mas disputamos todo o Paranaense com apenas um salário o de janeiro e olha que a competição durou quatro meses”, emendou o goleiro Juninho, um dos líderes do grupo.
O receio do grupo é que mais uma vez o clube chegue à marca de três meses de atrasos. “Houve momento em que pagaram a carteira, mas não o direito de imagem”, lembrou o camisa 1 paranista.
Na maioria dos casos, a fatia maior dos vencimentos dos atletas se dá com direito de imagem, mediante recebimento de nota fiscal, como um prestador de serviços.
“Na carteira, muitas vezes se embute o aluguel do apartamento, por exemplo. Então, tem muita gente já com dificuldades até para vir treinar, sem dinheiro para a gasolina”, revelou um dos atletas, visivelmente decepcionado com o momento crítico do Paraná. “E olha que a gente está na liderança, honrando essa camisa, pois todos nós queremos o acesso”, disse Alessandro Lopes.
Mesmo sem uma confirmação oficial já que ninguém da diretoria comentou o assunto a dívida com os jogadores seria de dois salários e de três direitos de imagem.
Porém, há jogadores como Murilo e Luís Henrique, que ficaram um bom tempo no departamento médico que têm em haver seis parcelas de direitos de imagem.
“A situação só não é mais difícil porque o grupo é muito bom e a comissão técnica tem uma grande ascendência sobre todos. E os resultados de campo mostram isso”, lembrou Murilo.
Após uma série de reuniões entre comissão técnica e líderes dos atletas, definiu-se pelo cancelamento do treino de ontem à tarde. Hoje pela manhã os jogadores prometem trabalhar normalmente, mas esperam uma reunião com o presidente Aquilino Romani e os demais dirigentes do departamento de futebol (Aramis Tissot e Guto de Mello) antes do treino da tarde. Caso a diretoria não se manifeste até lá, nova paralisação poderá ocorrer.
Allan Costa Pinto |
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Vila às moscas ontem: silêncio da diretoria só piora situação. |