Jogadores do Grêmio tomaram -e não devolveram- o bloco de anotações de uma jornalista que fazia a cobertura do treino da equipe em Atibaia (SP), anteontem.
Maria Clara Ciasca, 21, repórter do site “GazetaEsportiva.net”, fazia anotações à beira do gramado enquanto os titulares do clube gaúcho treinavam cobrança de pênaltis. Segundo a jornalista, o atacante Kleber, o lateral Pará e o zagueiro André Lima se aproximaram dela no fim da atividade e arrancaram o bloco de suas mãos.
O atacante teria ficado incomodado com o fato de a jornalista estar fazendo anotações sobre seu desempenho nas cobranças de pênaltis. Segundo a repórter, André Lima se afastou afirmando: “Pode dizer que eu chutei na lua mesmo.”
A jornalista acusa os jogadores de tentarem intimidar e dificultar o seu trabalho. “Eu tenho certeza de que eles fizeram isso porque eu sou mulher e porque eu estava sozinha”, afirma Maria Clara. Ela diz que, na ocasião, havia se afastado dos outros jornalistas que acompanhavam o treino.
“Se tivesse outra pessoa ali, eles não fariam isso. Não pode acontecer, não podem tirar meu instrumento de trabalho assim. Eu não poderia entrar no treino e tirar a bola deles, por exemplo”, afirma a repórter, que está em seu primeiro emprego.
Segundo a jornalista, o assessor de imprensa do Grêmio pediu desculpas logo depois que percebeu o que havia acontecido.
O técnico Vanderlei Luxemburgo e um cartola também foram conversar com ela depois que o jogadores saíram do campo. A assessoria de imprensa do Grêmio diz que o assunto foi resolvido na mesma hora com o pedido de desculpas do treinador. O clube não soube informar se o bloco de anotações será devolvido.
Maria Clara e a “GazetaEsportiva.net” cogitaram registrar um boletim de ocorrência, mas a jornalista preferiu não levar o caso adiante.
A Aceesp (Associação de Cronistas Esportivos de São Paulo) diz que lançará uma nota de repúdio em relação ao incidente. “Você não pode fazer isso, senão os clubes daqui vão começar a fazer a mesma coisa”, afirma Luiz Ademar Campos Junior, presidente da associação. “Já tem treino secreto e um monte de situação que complicam o trabalho do repórter.”
Durante a cobertura de treinamentos, os clubes pedem apenas para que não sejam filmados ou fotografados os momentos de cobrança de falta e pênaltis.
