Passadas poucas horas do término da Batalha da Arena, na qual jogadores, seguranças e dirigentes se envolveram em uma briga generalizada na sala de entrada dos vestiários da Baixada, o segundo round aconteceu.
Desta vez, o palco da pancadaria foi o Aeroporto Internacional Afonso Pena.
De acordo com a assessoria de imprensa do Atlético, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Mario Celso Petraglia, foi agredido na manhã de ontem enquanto aguardava para embarcar para São Paulo. O dirigente estava no saguão e foi identificado pela delegação gremista que esperava para retornar a Porto Alegre. Integrantes da comissão gaúcha teriam partido pra cima de Petraglia que estava acompanhado apenas de um amigo. ?Eu estava lendo o meu jornal quando eles vieram para cima, com ofensas morais e físicas. Estava com um amigo que entrou na confusão para aparar o tumulto?, relatou.
Conforme o presidente atleticano, o grupo agressor era composto por dez pessoas que passou a atingi-lo com chutes, socos e empurrões. A confusão foi contida por seguranças do aeroporto. Petraglia registrou queixa na delegacia do Aeroporto e deveria realizar exames de lesão corporal no IML. Imagens de segurança da Infraero, distribuídas pelo aeroporto, devem esclarecer à polícia quem iniciou a confusão.
No desembarque do Grêmio, em Porto Alegre, o vice de futebol Paulo Pelaipe confirmou à imprensa gaúcha a nova confusão no aeroporto, mas disse que não houve briga. O dirigente, que perdeu um dente na pancadaria, alegou que a comitiva gremista foi provocada por Petraglia.
Agressões
O superintendente da delegacia de São José dos Pinhais, Altair Ferreira, disse que Petraglia afirmou ter sido ofendido pelos gremistas, que o chamaram de ?mafioso?, dando início ao tumulto. Os gremistas dizem que foi o presidente do Atlético quem começou a provocação.
Em meio à pancadaria, um dos integrantes da delegação gaúcha teria acertado um soco no presidente atleticano, fazendo seus óculos voarem longe. O empresário Frank Artur Romanoski, que acompanhava Petraglia, também foi agredido, reagiu e teria desferindo o golpe que arrancou o dente do vice de futebol do Grêmio.
Ferreira diz que liberou os envolvidos na confusão porque os jogadores do Grêmio não aceitaram viajar sem a companhia de Pelaipe. ?O vôo atrasou meia hora?, revelou o policial.
Segundo tempo
A agressão no aeroporto está diretamente relacionada aos episódios pós-jogo. O meia gremista Tcheco alegou que foi agredido por seguranças do presidente atleticano quando se dirigia ao vestiário, após ter sido expulso de campo. Ele mostrou marcas de arranhões no peito à imprensa. Petraglia nega qualquer entrevero e disse que foi somente cumprimentar Tcheco.
As mesmas marcas de arranhões foram reveladas pelo capitão atleticano Claiton, que foi atacado por Eduardo Costa. Essa agressão foi o estopim para a pancadaria nos vestiários. Duas horas após o término do jogo, Claiton e dirigentes atleticanos, assim como Eduardo Costa, Tcheco, advogados e cartolas gremistas foram prestar queixa no 8.º DP (Portão). Todos foram ouvidos e o delegado deverá abrir inquérito para apurar os fatos. ?O Eduardo foi infeliz e deve estar arrependido. Me agredir por trás não dá para aceitar. Não fui criado assim pelos meus pais e nunca faria isso. Foi um ato impensado dele?, comentou Claiton na saída da delegacia.
Caso deve gerar processo no STJD
Cahuê Miranda
O quebra-pau nos vestiários da Baixada e no Aeroporto Afonso Pena vai significar problemas para Atlético e Grêmio. A conduta de atletas e dirigentes já está sendo investigada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pode acarretar punição para os clubes.
Segundo o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, quem for identificado participando da briga nos vestiários será denunciado ao tribunal no início da próxima semana. ?Ainda é cedo para dizer qual clube e qual atleta pode ser punido. Estamos apurando e na segunda-feira será instaurado inquérito e apresentada denúncia?, diz Schmitt.
O árbitro Wagner Tardelli Azevedo não relatou em súmula o incidente no estádio. Por isso, o tribunal deve se basear em outros meios para julgar os brigões. ?Imagens, notícias, testemunhos… Todo meio de prova é admitido?, avisa o procurador.
O STJD também está de olho na confusão no Aeroporto Afonso Pena. ?Será instaurado inquérito para investigar o que ocorreu. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva abrange qualquer fato ligado ao desporto, não apenas no estádio ou em dia de jogo?, afirma o procurador-geral.
Schmitt designou o procurador Marcelo Jucar para acompanhar o caso. Ele já solicitou ao Atlético as fitas do circuito interno da Arena e também pediu à Infraero as imagens do Aeroporto.
