Gratos por apoio, atletas participam de programa de reciclagem das Forças Armadas

A cada seis meses, os atletas que recebem dinheiro das Forças Armadas são obrigados a passar por um programa de reciclagem, aprendem a usar armas e recebem informações sobre normas de conduta, entre outras coisas. No Pan estão 123 deles, que têm chamado a atenção por fazer a continência na hora do pódio, independentemente do hino que esteja tocando.

“Nós treinamos nos clubes e eles avisam de quais competições militares devemos participar. A gente não vive uma rotina militar, somos atletas militares, mas cada um com sua rotina própria de treinamento. De tempos em tempos temos um período de reciclagem, em que vivemos a rotina militar, acordando cedo, mas nem é tão complicado para mim porque o judô é muito disciplinador”, contou a judoca Érika Miranda, que é terceiro-sargento da Marinha.

Mesmo assim, ela revela que já passou maus bocados em alguns exercícios da Marinha. “Fazemos exames de saúde, por exemplo. Teve um teste em que tínhamos de ficar 10 minutos na água sem colocar o pé no chão. É muito difícil. Em outro eu tinha de nadar 50 metros em 1min20s, mas com 25 metros eu já estava morrendo”, comentou, rindo. “É um período intenso, mas curto”.

A nadadora Joanna Maranhão está nas Forças Armadas desde 2009. Como o contrato com a atleta é de oito anos, logo ela terá de deixar a corporação ou mudar de programa. A atleta explica que está cada vez melhor nos testes. “Eu já estou atirando bem de fuzil”, afirmou, rindo. Outros atletas, que não estão há tanto tempo nas Forças Armadas, usaram armas menos vezes nos exercícios.

Para Joanna, o apoio tem ajudado bastante. Ela, inclusive, chegou a morar em estruturas do Exército durante um certo período de sua vida. “Não é só uma ajuda financeira. Temos também outros apoios. Às vezes pessoas do Exército viajam com a gente para dar suporte”. O salário dos atletas é de quase R$ 3 mil e eles podem receber bolsas e também dinheiro de patrocinadores.

Bernardo Oliveira, do tiro com arco, é da Aeronáutica. Ele conta que participa de pouquíssimas atividades por ano que exigem o uso da farda e diz que geralmente são atividades de instrução. “Em maio participamos de uma palestra sobre mídias sociais. E eles falaram sobre como a maneira de se portar e como lidar com essa questão de Forças Armadas. A gente tem mais atividades de instrução. Em poucos momentos, temos de trabalhar com a força militar mesmo”, explicou.

Apesar dos exercícios e atividades, os atletas não querem nem ouvir falar da possibilidade de ajudar o Brasil em uma guerra. “Se depender de mim, vai ser difícil. Só se puder dar ippon”, brincou Érika, que ganhou o ouro no judô.

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