Ao invés de defesas, socos. O relacionamento entre os goleiros Flávio e Darci sempre foi uma preocupação para a comissão técnica. Ontem, eles foram às vias de fato após uma discussão no centro do gramado. Não fosse a ação rápida do zagueiro Aderaldo, que apartou os dois brigões, a situação poderia ter se complicado. Com a cabeça quente, ninguém quis falar com a imprensa. À tarde, o assunto foi contornado pela diretoria e os goleiros, que antes haviam ?saído no braço?, deixaram a reunião abraçados.
Flávio e Darci levaram ao extremo a expressão ?brigar pela posição?. A rivalidade entre os jogadores existe de longa data. No início do ano, quando o Pantera esteve a pique de deixar o clube, Darci acreditou ter chegado a sua hora de assumir a camisa 1. A frustração com a permanência de Flávio gerou uma animosidade entre os jogadores, que não mais se falavam, sequer nos treinamentos. Darci, recentemente, tentou transferência para o Vila Nova, não aceitando o rodízio promovido por Lori no banco de reservas, mas voltou atrás de sua decisão e acabou reintegrado.
Naquele momento, dizia-se que as ?rusgas? entre Flávio e Darci eram coisa do passado. O incidente de ontem mostrou que não. Flávio teria chamado o companheiro de ?seca-pimenteira? pelo fato do time não ter vencido com Darci no banco. A discussão foi inevitável e Lori mandou os dois ?pra casa?. Na saída, o bate-boca virou agressão mútua. Mais tarde, e menos tensos, ambos voltaram ao clube para reunião com o vice José Domingos e o diretor de futebol Zeomar Marchetti.
Flávio foi ouvido primeiro e depois foi a vez de Darci expor sua posição. Na seqüência, os dois ficaram a sós na sala, pondo um ponto final no assunto. ?É passado. Não é normal, mas acontece em qualquer ramo de atividade?, justificou Darci. ?Quanto menos se falar nisso, agora, melhor?, resumiu Flávio. Os jogadores prometeram pedir desculpas ao grupo, assegurando que o clube não será afetado pelo deslize. ?Podemos não ter afinidade, mas é preciso haver respeito profissional. Falhamos e isso não se repetirá?, disse Darci.
A diretoria, que mediou
a reaproximação entre os atletas, preferiu não anunciar uma possível punição. ?É assunto interno?, disse Zé Domingos. É certo, porém, que os dois serão multados. O preparador de goleiros Jair Leite sempre procurou disfarçar, mas sabia que tinha uma bomba em mãos. Agora que ela explodiu -e não houve feridos – resta saber se tudo foi ?zerado?, como afirmaram Flávio e Darci. Só o futuro dirá.
Pra calar os críticos
O primeiro turno terminou e para o Paraná Clube o balanço é extremamente favorável. E poderia ser melhor, não fossem pequenos deslizes, como o do último domingo, frente ao Vasco, quando a equipe não conseguiu transformar o volume de jogo (no segundo tempo) em gols. Para os jogadores, a campanha foi muito boa. O vice de futebol José Domingos foi além, considerando ótimo o desempenho do time ao longo das 21 rodadas realizadas neste Brasileirão.
Desacreditado no início da competição, o Tricolor terminou essa etapa ostentando uma invencibilidade de nove jogos (igualando a marca de 2003, a sua melhor série). De ?favorito? ao descenso, o time de Lori Sandri passou a ser apontado com a surpresa do campeonato. Se os números positivos – a defesa menos vazada, o melhor saldo de gols, equipe com menor número de derrotas – garantiram tranqüilidade ao grupo, não são suficientes, até aqui, para dar ao Paraná maior credibilidade no cenário nacional.
Uma situação que não incomoda os jogadores paranistas. ?Os mesmos que agora dizem que não teremos fôlego para brigar pelo título, afirmavam que cairíamos?, disparou o artilheiro Borges. ?Que continuem pensando assim.? O atacante só deixava transparecer mesmo um certo incômodo com o pênalti desperdiçado contra o Vasco. ?Bati com confiança e decidi trocar de lado antes da cobrança. Mas, é trabalhar, se surgir outra penalidade, vou cobrar normalmente?, avisou.
Se o ataque deixou a desejar nas últimas rodadas – os três últimos gols foram de Daniel Marques, Mário César e Aderaldo – a defesa segue sendo o grande destaque do Tricolor. ?É reflexo de um bom trabalho do time. Se a zaga está bem, é porque o grupo está focado?, frisou Daniel Marques. ?Não chegamos a essa invencibilidade por acaso?, emendou Aderaldo. Curiosamente, a campanha do Paraná como visitante é superior aos números conquistados na condição de mandante.
?O campeonato é muito equilibrado. É só ver a situação da Ponte Preta. Eles não vencem há seis rodadas e mesmo assim estão somente quatro pontos atrás da gente?, lembrou José Domingos. Diretoria e comissão técnica mantêm a meta inicial: buscar o quanto antes os 48 pontos necessários (pelas projeções) para assegurar permanência matemática na Série A. ?Esse é o primeiro objetivo, não o único objetivo?, destacou o dirigente.
Nas nove últimas rodadas, o aproveitamento do Paraná é de 70,37%, com cinco vitórias e quatro empates. ?É campanha para se brigar pelo título, pois o campeão, em média, soma dois pontos por jogo?, explicou Lori Sandri. ?Mas, temos três meses e meio de competição. É muito cedo para fazer previsões.? O técnico sabe que o grupo ainda tem carências e isso está sendo ajustado pela diretoria tricolor.
Lombardi é o novo reforço do Levante
O zagueiro Fernando Lombardi está trocando o Paraná Clube pelo futebol espanhol. Ele segue hoje para Valencia, onde assina contrato de um ano com o Levante. As bases financeiras já foram acertadas e ontem mesmo o crédito bancário foi efetuado. ?Não se trata de uma grande transação financeira. É muito mais um reconhecimento por tudo que o Lombardi fez pelo clube?, comentou o vice de futebol José Domingos, não citando valores. Lombardi começou sua carreira no Paraná desde as categorias mirins.
?É uma grande oportunidade para mim. Tanto financeira, quanto profissionalmente?, disse Lombardi, que hoje se despede dos companheiros. O jogador, no mês passado, esteve perto de acerto com o futebol da Suíça, mas decidiu ficar no Tricolor quando promessas não foram cumpridas pelo Neuchatel Xamax. ?Fiz o certo e agora apareceu uma chance ótima, em um grande centro do futebol mundial.? A saída de Lombardi fará o Paraná buscar uma peça de reposição para o setor.
A contratação de mais um zagueiro, porém, não foi a única pedida de Lori Sandri. Pelo menos mais três reforços devem ser acertados nas próximas semanas, antes do término do prazo para registros, daqui a um mês. O Paraná busca mais um meia-de-criação e um atacante, considerando que não perderá nenhum dos 25 atletas que hoje compõem o elenco paranista.
?Já temos algumas transações adiantadas, com jogadores das séries B e C do Brasileiro?, revelou Domingos, sem citar nomes. ?A concorrência é grande e só abriremos o jogo quando tudo estiver concluído?, afirmou.
