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Parceria: Abelão e Adriano
nos tempos da Baixada.

Uma parceria que começou no Atlético conquistou o mundo ontem com a camisa do Internacional. Um encontro ocorrido em 1998, na Baixada, foi decisivo para as carreiras do meia Adriano e do técnico Abel Braga, consagradas ontem com o título do Mundial de Clubes, conquistado no Japão.

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Quando Adriano entrou em campo, no segundo tempo, e marcou o único gol da vitória colorada sobre o Barcelona, Abel viu dar certo mais uma vez a aposta que vem repetindo há quase uma década. O treinador comandava o Furacão quando desembarcou em Curitiba, vindo do CSA, de Alagoas, um garoto de 21 anos, magrinho e tímido, que ganhou o apelido de ?Gabiru?.

Carreira vitoriosa

Um treino entre os titulares bastou para que Abel desse um lugar no time titular do Atlético a Adriano. E ele começou com o título paranaense daquele ano a escrever uma das carreiras mais vitoriosas de um jogador na história rubro-negra.

Contratado pelo Olympique de Marselha, em 1999, Abel apostou em Adriano mais uma vez, indicando sua contratação. Mas a passagem do Gabiru pela França não durou muito e logo ele estava de volta, para ajudar o Furacão a faturar mais três estaduais, um lugar na Libertadores pela primeira vez e o título Brasileiro, em 2001.

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No início deste ano, Abel teve a chance de apostar em Adriano mais uma vez. O Inter acatou a sugestão do treinador e negociou com o Atlético a compra de parte dos direitos sobre o jogador. Mas ao contrário da Baixada, onde sempre foi ídolo, no Beira-Rio o Gabiru demorou a conquistar os colorados.

Vaia e estrela Reserva, ele quase sempre foi vaiado quando entrou em campo.

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A resistência da torcida a Adriano só terminou na manhã de ontem. Contando novamente com a confiança de Abel, ele substituiu Fernandão no segundo tempo do duelo contra o Barça. E bastaram seis minutos para que o Gabiru fizesse história novamente, dando o mundo de presente aos colorados. Depois do jogo, Abel ressaltou a estrela de seu pupilo. ?Veja como é a vida. Um menino que é muito criticado entrou no lugar do maior ídolo do clube e decidiu. O Adriano é um jogador que levei para a França e eu não faria isso se não confiasse nele!?, afirmou o treinador aos jornalistas brasileiros no Japão.

E com o mundo a seus pés, o Gabiru não esqueceu do ?professor?. ?É uma alegria imensa fazer o gol do título mundial. No momento de entrar, o Abel disse para eu jogar tranqüilo, pois confia no meu futebol?, disse Adriano, agradecendo pela confiança que surgiu nos campos do CT do Caju.

Furacão também lucra com conquista

O Atlético continua lucrando com o herói do título mundial do Inter. No início de 2006, o Colorado comprou do Furacão 55% dos direitos econômicos sobre Adriano, numa transação que teria girado em torno de US$ 1 milhão.

Segundo revelou Fernando Carvalho, presidente do clube gaúcho, o pagamento foi parcelado em 24 vezes, o que vai garantir dinheiro nos cofres do Furacão até o final do ano que vem.

O gol marcado pelo Gabiru no Japão também é uma boa notícia para o Rubro-Negro, que viu valorizar os outros 45% dos direitos sobre o jogador, que divide com o Cruzeiro, clube que Adriano defendeu em 2004 e 2005.

Além dos títulos, Adriano é também um dos jogadores que mais rendeu retorno financeiro ao clube da Baixada. Além do negócio com o Inter, o Furacão lucrou com o jogador nas transferências para o Olympique de Marselha (França), em 1999, e para o clube mineiro.

Do banco pra história

Pode gritar à vontade, torcedor colorado.

O Internacional é campeão mundial! Contrariando todas as previsões, o time brasileiro desbancou o poderoso Barcelona e pintou o mundo de vermelho e branco. O herói da maior glória colorada foi o meia Adriano, ex-Furacão. Com um gol aos 36 minutos do segundo tempo, o ?Gabiru? ofuscou Ronaldinho Gaúcho e escreveu seu nome na história do Sport Club Internacional.

O título premia uma equipe valente, que jogou de igual para igual com o time, até então, considerado o melhor do mundo. O Barcelona simplesmente não jogou no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, apesar de ter mais posse de bola em boa parte dos 90 minutos.

Os jogadores do Inter seguiram as orientações do técnico Abel Braga e apertaram a marcação, não dando espaço para o adversário jogar. Ronaldinho, claro, foi vigiado de perto por Ceará, e não conseguiu mostrar sua magia.

Só que a marcação também funcionou do outro lado. Apagados, Fernandão e Alexandre Pato foram praticamente anulados. Além de manter a forte marcação, o Inter resolveu arriscar um pouco mais no segundo tempo. Não chegou a criar grandes lances de perigo, mas fez com que os espanhóis se encolhessem lá atrás.

Ironia do destino

A saída de Fernandão, com cãibras, parecia desenhar um pesadelo para o Inter, que perdia seu capitão e principal jogador. Ironia do destino, o substituto dele se tornou o grande herói colorado. Iarley começou a jogada do gol, numa mistura de raça e técnica. Ele ganhou de Puyol e avançou em direção à área. Adriano se enfiou entre os zagueiros e recebeu o passe preciso. De frente para Valdés, bateu com calma e a bola morreu mansamente no fundo das redes do Barça.