A famosa “janela”, criada pelos clubes para isolar a imprensa do dia-a-dia dos clubes, parece estar com os dias contados. A Rede Globo, que detém os direitos de transmissão de todas as competições de futebol disputadas no País, quer acabar com a barração. O objetivo é ter portas abertas para ela e para os veículos a ela vinculados. É o que foi revelado ontem pelo portal UOL, que obteve trocas de emails entre executivos da emissora. “Tanto pagamos e pouco recebemos”, diz uma das mensagens. A reportagem também revela que a cúpula da empresa irá pedir privilégios em 2013, alegando que os clubes têm dado tratamento às vezes até melhor para profissionais que atuam em emissoras que não detêm os direitos do que à própria Globo.
O assunto é polêmico é atinge também o futebol paranaense. Por aqui, há pelo menos seis anos a imprensa encontra dificuldades para fazer a cobertura de treinamentos e conseguir entrevistar jogadores e treinadores. As assessorias de imprensa dos clubes monopolizam desde o dia que os jornalistas podem comparecer aos centros de treinamento até quem poderá ser entrevistado. A barração não faz distinção. Atinge desde radialistas a fotógrafos, que muitas vezes têm limitado o tempo a 15 minutos para capturar imagens. No Paraná, aliás, segundo profissionais que atuam em outros estados, é onde há maior restrição ao acesso da imprensa a jogadores e técnicos. Poderia ser o contrário, haja vista que nossos clubes, de poucas conquistas nacionais, deveriam querer mais exposição na mídia.
Para a Rede Globo, no entanto, a gota d’água está na limitação que seus profissionais têm para trabalhar e divulgar o evento que ela paga tão caro por seus direitos. Na reportagem do UOL, o diretor da Globo Esporte, Marcelo Campos Pinto, faz uma comparação. Durante o ano, a emissora expõe marcas e patrocinadores dos clubes. Isso corresponde a 60% da exposição anual obtida pelas equipes. No entanto, durante uma semana de treinamentos, não consegue, muitas vezes, ter acesso a 30 minutos. É isso que ela quer mudar.