Quatro meses, alguns desencontros e muita polêmica depois, Givanildo de Oliveira torna-se página virada na história do Atlético. E de forma tão surpreendente quando na ocasião de sua chegada: na antevéspera do jogo contra o Vasco, o técnico deixa o clube sem comunicar o motivo. Osvaldo Alvarez, o Vadão, deve ser apresentado na segunda-feira como novo comandante da equipe.
Enquanto isso, dois interinos comandam a equipe amanhã. A tarde prometia ser tranqüila no CT do Caju – Givanildo comandaria o último coletivo antes do jogo contra o Vasco com o time praticamente confirmado. Mas às 15h30, hora marcada para início do treino, o técnico surpreendeu a todos ao deixar o CT dirigindo seu próprio carro, carregando junto o preparador físico Wellington Vero e o assistente Pedro Manta, contratado há uma semana. Após alguma insistência dos repórteres, o técnico, aparentemente contrariado, disse apenas que estava fora e que mais tarde se pronunciaria sobre o caso.
Duas horas depois, o diretor desportivo Marcos Moura Teixeira apareceu na sala de imprensa do CT para comunicar a saída do técnico e de seus auxiliares. Esquivando-se das perguntas polêmicas, o diretor falou que a decisão foi consensual e que ?era o melhor para todos neste momento?. Questionado sobre a saída às vésperas da partida do Brasileiro, Teixeira falou que são ?circunstâncias do trabalho?.
?A gente nunca pode escolher o momento em que as coisas vão acontecer?, falou. Enquanto o circo se incendiava, os jogadores, ao deus-dará, trocavam o coletivo por um treino recreativo. O auxiliar técnico Nilson Borges e o preparador de goleiros Valdemar Privati, que comandaram a atividade, dirigem o time amanhã.
Mais tarde, Givanildo disse já ter quitado todas as pendências financeiras com o clube e que hoje vai informar oficialmente os motivos de sua saída.
Vadão
Como de praxe, a diretoria não confirmou o substituto de Givanildo, mas já teria praticamente acertado a contratação de Vadão. O técnico, que já teve duas passagens pelo Rubro-Negro (entre 1999 e 2000 e em 2003), deixou a Ponte Preta depois da goleada de 5 x 2 sofrida para o Paraná Clube, em Campinas, no dia 27 de maio. Desde então estava em Campinas, onde mora, aguardando propostas.
O treinador deve assistir ao jogo contra o Vasco e assumir a equipe diante do Flamengo, no domingo seguinte.
Giva sofreu com a torcida atleticana
A passagem de Givanildo pelo Atlético foi marcada por polêmicas. O técnico pernambucano conviveu com críticas da torcida, pendengas com jogadores e saias justas. Giva estreou no jogo de volta contra o Volta Redonda, pela 2.ª fase da Copa do Brasil – o empate em 0 x 0 eliminou o Rubro-Negro. No Brasileirão, o treinador jamais conseguiu emplacar uma boa fase e sua permanência passou a ser gradativamente contestada.
Enquanto a torcida pedia sua cabeça, uma biografia era lançada em Pernambuco, espelhando o contraste entre sua reputação na terra natal e em Curitiba. O coro ?Fora Givanildo? virou tão comum na Baixada que o técnico disse nem ligar mais, já acostumado.
A chegada do goleiro Navarro Montoya foi outro capítulo polêmico – o técnico ameaçou pedir demissão caso fosse forçado a escalar o argentino.
Por fim, o treinador encarou a constrangedora novela com Dagoberto. Depois de escalar o atacante em quase todos os treinos da intertemporada, Givanildo disse que o jogador passava por problemas psicológicos e o tirou do time. Dagoberto, que vive disputa jurídica com o Atlético, chamou o chefe de mentiroso e disse que a justificativa que lhe foi dada foram ordens da diretoria. Givanildo não convenceu ao rebater as declarações e depois calou-se sobre o assunto. (CS)