O técnico Givanildo de Oliveira pôs a cabeça no travesseiro e pensou, pensou, pensou e resolveu continuar no comando do Atlético. Pelo menos até a partida de domingo contra o Santa Cruz, na quinta rodada do Campeonato Brasileiro. Após perder para o Internacional, o treinador disse que poderia pedir demissão ontem, caso não fosse mandado embora antes, mas manteve a programação e treinou o time no CT do Caju. Hoje, ele deverá explicar melhor o que aconteceu e o que pretende fazer para tirar o Rubro-Negro do marasmo.
?Entrevista só amanhã (hoje), tudo bem??, disse o treinador ao ser contatado pela reportagem. Assim, o encontro com os repórteres marcado para depois do trabalho da tarde ganha uma importância acima do normal. Não bastassem os resultados ruins, que por si sós balançam o cargo do pernambucano, o próprio Giva disse que poderia sair. No entanto, não se sabe se ele continua indefinidamente ou se a partida de domingo será sua despedida.
Uma pista do que pode acontecer foi dada pelo preparador físico Wellington Vero após a partida contra os gaúchos. Em entrevista à Rádio Jornal, de Recife, ele disse que a comissão técnica permanece até a partida contra o Santa Cruz. Não se sabe se a diretoria pediu para o treinador ficar enquanto um novo nome não é contratado ou se o comando recebeu total apoio para continuar, aconteça o que acontecer nas próximas partidas. Os dirigentes, só pra variar, não falam sobre o assunto.
Pelo sim, pelo não, ontem foi um dia normal no CT. Pela manhã, quem atuou contra o Inter fez um treino leve e os demais participaram de um coletivo sob o comando de Givanildo. Hoje, o elenco volta a pegar no batente em dois períodos. Para o jogo contra o Santa Cruz, o treinador não poderá contar com o zagueiro Paulo André, expulso, e ainda pode perder Jancarlos, que será julgado amanhã no STJD pelo vermelho recebido contra o Fluminense.
?Perdemos a bola no meio do campo e, em um lance rápido, o Sóbis tocou na frente para o Iarley. Mesmo sabendo que eu seria expulso, optei por fazer a falta. Quando vi a assistente correndo para a área, eu não acreditei. Infelizmente, o árbitro deu o pênalti, então não valeu a pena?, analisou Paulo André no sítio oficial do clube. Mesmo assim, ele também é autocrítico com a equipe. ?Fomos prejudicados e isso tem sido constante com o Atlético. Porém, se o time está bem dentro de campo, passa por cima dos erros dos árbitros?, finalizou.
Quem tem medo da Baixada?
E o encanto da Arena aos poucos vai sendo quebrado. Pelo menos em 2006, a Baixada não mete mais medo em ninguém, nem em time do interior. Depois de ver uma invencibilidade de 25 jogos ser quebrada pela Adap, o Atlético simplesmente não venceu mais em casa. Até a próxima partida com mando de campo, o Rubro-Negro vai completar 100 dias sem saber o que é sair de campo aplaudido pela torcida. O maior tempo desde a reinauguração do Joaquim Américo. O pior é que nesse período o time foi eliminado do Campeonato Paranaense e da Copa do Brasil e ainda tem um péssimo início de Brasileirão.
Para se ter uma idéia, desde que o estádio atleticano foi erguido, o time manteve uma média de mais de 70% de aproveitamento, excetuando 2003, quando o time viveu um período de turbulência parecido com o atual e quase foi rebaixado no nacional. Mesmo assim, conseguiu 58% dos pontos disputados em casa. Agora,
a situação é pior. Nos 11 jogos na Baixada, foram quatro vitórias, quatro empates e três derrotas, com apenas 48% de aproveitamento. A torcida fez sua parte e compareceu com 8.511 pagantes de média nos 11 jogos.
Se esses números começam a preocupar, a angústia vai ter que esperar até o dia 20, quando o Atlético enfrenta o Goiás. O time completará 100 dias sem vencer – seis jogos. Em nenhum momento de 1999 para cá o jejum foi tão grande. Nem contando com férias e períodos de recesso, no máximo, chegou a 70 dias entre 2000 e 2001, mas com apenas uma partida nesse intervalo. Sem vitórias em casa, nem empates, o Rubro-Negro larga no Brasileiro como o pior mandante, ou seria o mais bonzinho? Perdeu para Fluminense e Inter por 2 a 1, mesmo placar da derrota para a Adap.
