Foto: Valquir Aureliano/O Estado |
Depois de um longo afastamento, Ivan volta a ser titular, no Rio. |
E a era Givanildo de Oliveira no Atlético parece ter seu capítulo final hoje. Independente de ganhar, perder ou empatar a partida contra o Botafogo, o técnico pernambucano dá mostras de que cansou de não receber reforços e das manobras da diretoria para contratar outro profissional para seu lugar.
Após o confronto contra os cariocas ele deverá anunciar sua decisão, provavelmente de ir embora. Mesmo assim, quer sair por cima e vencer a primeira no Campeonato Brasileiro. O confronto contra o Alvinegro está programado para as 18h10, no Maracanã.
?Se acontecer um desastre, Deus o livre, e se o presidente quiser continuar comigo e eu achar que não, eu vou embora. Eu não quero atrapalhar ninguém, nem ser atrapalhado?, disse o treinador rubro-negro. Ele diz que essa possibilidade não passou por sua cabeça, mas depois do jogo contra o Botafogo muda tudo. ?Se eu tivesse que entregar, entregaria na segunda-feira ou na terça, então não é por aí, eu não jogo a toalha fácil. Nós treinadores somos teimosos, a gente perde um jogo, perde outro e pensa que no próximo vai dar a volta por cima?, apontou.
Assim, com um empate ou uma derrota diante dos cariocas seu cargo ficará insustentável. Mesmo uma vitória poderá significar uma despedida honrosa e o próprio Giva deu mostras que quer isso. Ontem, após o treino, ele não foi ao aeroporto com a delegação. Passou antes no hotel para depois ir pegar o vôo. Será que
fez a mala? Ninguém sabe, mas ele voltou a bater nas mesmas teclas de que não recebeu nenhum reforço, não pode usar o atacante Dagoberto nem o lateral-esquerdo Michel Bastos, dois dos principais jogadores.
Sem contratações, restou o apoio dos dirigentes pela internet. O que não significa muita coisa. Dois dias antes de contratar o pernambucano, o presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia, negou veementemente a vinda do ex-treinador do Santa Cruz. Ou seja, não dá para confiar muito, até porque Émerson Leão deu todas as mostras que foi contatado, da mesma forma que pessoas ligadas à diretoria sondaram Toninho Cerezo e Adílson Batista.
Pelo sim, pelo não, Giva acertou a equipe para enfrentar o Fogão. A expectativa dele levar o atacante Dagoberto ficou para a próxima rodada. Assim, as únicas mudanças na equipe são as voltas dos alas Jancarlos, após suspensão, e Ivan. O restante do time é o mesmo que vem atuando e perdeu para o Santos. A última vitória do Furacão aconteceu no dia 5 de março, na goleada por 5 a 1 sobre o Cianorte, ainda sob o comando de Lothar Matthäus.
CAMPEONATO BRASILEIRO
3.ª Rodada
Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Horário: 18h10
Árbitro: Lourival Dias Lima F.º (BA)
Assistentes: Adson Márcio Lopes Leal (BA) e Luís Carlos Silva Teixeira (BA)
Botafogo x Atlético
Botafogo
Lopes; Marcelo Uberaba, Rafael Marques, Scheidt e Bill; Thiago Xavier, Clayton, Diguinho e Zé Roberto; Reinaldo e Dodô. Técnico: Carlos Roberto
Atlético
Cléber; Danilo, Alex e Paulo André; Jancarlos, Alan Bahia, Erandir, Ferreira e Ivan; Evandro e Pedro Oldoni. Técnico: Givanildo de Oliveira
Dagoberto perto do acerto
Dagoberto deverá renovar seu contrato com o Atlético nos próximos dias. Os procuradores do atacante e a diretoria do clube estão em conversas adiantadas para o acerto. Com o novo vínculo e voltando a jogar, o craque deverá ser logo vendido pelo Furacão. Vários clubes brasileiros estão interessados no atleta, devido a queda da multa rescisória em julho, mas a intenção é colocá-lo num clube europeu.
?Pode acontecer logo alguma coisa boa. Está tudo encaminhado para a renovação?, revelou Marquinhos Malaquias, da empresa Massa Sports, que gerencia a carreira de Dago. De acordo com ele, os problemas com a cartolagem do Furacão estão superados. ?Da nossa parte não tivemos problemas e estamos conversando há mais de um mês?, declarou. Ele revelou que a proximidade do mês de julho fez crescer o número de times brasileiros interessados no atacante. Pela legislação em vigor, a 12 meses do final do contrato, a multa cai para 20% do valor estipulado. No momento, este valor está em US$ 27 milhões (R$ 54 milhões) e no meio do ano seria de US$ 5,4 milhões (R$ 10,2 milhões), mas apenas os brasileiros. ?Nem penso nisso, mas tem essa possibilidade?, apontou. A tendência é mesmo que Dago renove com o Atlético, volte a jogar e vá para a Europa.
Dinheiro de sobra
Carlos Simon
O Atlético fechou 2005 com um balanço patrimonial extremamente positivo.
A boa participação do clube na Libertadores, o dinheiro arrecadado com a venda de atletas e o contrato que cedeu o nome do Estádio Joaquim Américo a um fabricante de produtos eletrônicos renderam R$ 25 milhões ao Furacão no ano passado, conforme a contabilidade publicada ontem.
O saldo das negociações de jogadores trouxe R$ 20,9 milhões aos cofres rubro-negros – R$ 10 milhões a mais do que o lucro verificado em 2004. No ano passado, o Atlético vendeu Jádson, Fernandinho (dos quais tinha 50% dos direitos econômicos) e Lima (30%) e emprestou Marcão e Rogério Correia, entre outras transações.
O item ?Receitas Esportivas? cresceu de R$ 10 milhões, em 2004, para R$ 16,3 milhões no ano passado. Já a cessão do nome do estádio fez as receitas da Arena pularem de R$ 1,7 milhão em 2004, para R$ 13,4 milhões no ano passado – um incremento de R$ 11,7 milhões.
Assim, o clube apresenta resultado radicalmente oposto em comparação com 2004, quando teve pequeno prejuízo (R$ 18 mil). Com as contas saneadas, o Furacão pôde investir em patrimônio. O CT do Caju recebeu R$ 5,5 milhões em melhorias em 2005, e este ano deve ganhar mais.
Na Arena, o clube promete modernizar o sistema de segurança, implantar o ?Smart Card? – cartão que acumula créditos – e elaborar os projetos arquitetônicos e executivos para conclusão do estádio, que deve começar em 2007.
O balanço, por outro lado, apresenta alguns pontos intrigantes. O Atlético injetou, por exemplo, R$ 3,05 milhões numa empresa coligada ao clube – a JLG Administradora de Bens Imóveis SC Ltda. – iniciais de João Luiz Gava, um dos donos do terreno onde está o Colégio Expoente, ao lado da Arena. O investimento atleticano fez o patrimônio líquido da empresa crescer 15 vezes. A reportagem da Tribuna tentou manter contato com a diretoria do clube, mas não obteve resposta.
A empresa de auditoria independente Moore Stephens Sfai aprovou o balanço do Atlético, mas fez uma ressalva. Segundo a companhia, as despesas com compra de direitos federativos e formação de atletas deveriam ter sido incluídas no ativo imobilizado (patrimônio), em vez de nas contas de resultado (lucro ou prejuízo de 2005). Resumindo, se o clube agisse de acordo com as normas do Conselho Federal de Contabilidade, o lucro apresentado seria ainda maior.
Primeira ?vítima? do disque-gandaia
O lateral-direito Jancarlos, do Atlético, foi o primeiro a cair no disque-gandaia implantado pela torcida organizada Os Fanáticos. De acordo com ?denúncias? enviadas à entidade por telefone, o jogador é o ?campeão da farra? e este seria o principal motivo de sua queda de rendimento na temporada. O jogador nega a acusação e diz sempre estar acompanhado de sua mulher, quando sai.
Uma nota no endereço eletrônico da uniformizada entrega os lugares que o atleta estaria frequentando, além de promover ?festas? em casa.
?Jancarlos promove festas de arromba em sua residência, no Cajuru, e está deixando a vizinhança maluca. Ninguém mais consegue dormir nos arredores do Conjunto Mercúrio. E o pior é que outros jogadores também estão freqüentando essas ?festinhas??, acusa a organizada. As denúncias estariam partindo através de dois telefones colocados à disposição de torcedores. A torcida ainda pede que os jogadores passem a honrar mais a camisa rubro-negra. ?Esperamos que o recado seja compreendido, porque estamos cada vez mais de olhos bem abertos e seguindo todos os passos dos jogadores sem- vergonha?, diz a nota.
O jogador, por sua vez, nega que esteja participando de noitadas. ?Da minha parte, estou tranqüilo. Minha esposa está comigo, então se tiver que fazer churrasco ou alguma coisa, vou fazer com a minha família, sem bagunça nenhuma?, rebateu.
Segundo ele, a má fase vem da falta de atenção e da pegada do time, que caiu este ano. ?Nosso time sempre foi de pegada e não está acontecendo. A gente conversou bastante e vamos colocar em prática?, finalizou.