Ginástica vive sua maior crise

Daniele é acompanhada por Antônio Fontoura e Garcia Ferreira.

São Paulo – Quando todos achavam que a seleção brasileira de ginástica estava pronta para a terceira etapa da Copa do Mundo, de sexta a domingo, em São Paulo, uma forte crise abalou a equipe feminina, comandada por Oleg Ostapenko. Daniele Hypólito se desligou do grupo na manhã de ontem, após demonstrar insatisfação com o treinador ucraniano.

No congresso técnico da noite de quarta-feira, Oleg Ostapenko escalou a ginasta para apenas uma prova: a trave. Isso acabou frustrando os planos de Daniele, que disputava vagas nos quatro aparelhos (solo, paralelas, salto e trave). Quando soube que disputaria só a prova de trave, no treino de ontem de manhã, ela foi tirar satisfações com o treinador.

Insatisfeita com a decisão do treinador, Daniele foi para o hotel e reuniu-se com a presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, Vicélia Florenzano, e a supervisora de seleções, Eliane Martins. Sem conseguir reverter a situação, viajou para o Rio de Janeiro.

Na última terça-feira, a própria atleta dizia estar satisfeita com qualquer decisão do técnico. ?Não importa se vou competir em quatro, três, dois ou um aparelho. O que importa é que vou representar o Brasil. Se algum dia eu for reserva vou estar supercontente por ter ajudado a ginástica?, disse Daniele na ocasião.

Procurada pela reportagem da Agência Estado, Daniele desconversou: ?Não vou falar com ninguém sobre o assunto, não vou abrir exceção alguma. Mas vou para ver meu irmão competir. Sinto muito, não quero falar mais nada?, disse a ginasta a caminho do aeroporto em São Paulo.

Durante a tarde, os atletas tiveram folga. Diego Hypólito, irmão de Daniele e favorito na prova de solo, não escondeu a mágoa. ?A Dani estava treinando muito e ficou chateada quando soube que ia fazer só a trave. Ela tomou uma decisão mais séria e resolveu bater o pé. O que ofende a Dani também me ofende, e toda a decisão que ela tomar eu apóio?, disse o ginasta, que estava bastante abatido.

Outra que também falou sobre a crise e a saída de Daniele foi Daiane dos Santos. ?O técnico sempre faz o melhor pelo grupo, não tem essa de ser queridinha… Antes de falar alguma coisa é melhor pensar no Brasil, no que é melhor para o grupo?, declarou.

Para Daiane, Oleg Ostapenko tomou a decisão certa. ?Não adianta me manter na prova de solo se tem alguém que já está pronta para fazer a prova. Posso ter vários resultados, mas a escolha do técnico é sempre por quem está melhor no momento?, afirmou a ginasta.

Sem Daniele, Oleg Ostapenko teve de chamar Ana Paula Rodrigues para o time das titulares. Ela disputará a trave no lugar de Daniele. Cada país tem direito a apenas duas atletas por aparelho.

Daiane competirá no solo, salto sobre cavalo e paralelas. Camila Comin estará na prova de paralelas. Laís Souza, que já tem duas medalhas na Copa do Mundo, representará o Brasil no salto sobre cavalo, solo e trave.

O retorno

São Paulo volta a sediar uma etapa da Copa do Mundo após 27 anos. A competição ficou ameaçada, já que o Ginásio do Ibirapuera ficou interditado pelo Contru e foi liberado a apenas dois dias da abertura da competição, que terá 26 países participantes.

A competição será aberta oficialmente às 14h de hoje, com a fase classificatória. As finais serão amanhã e domingo, sempre começando às 9h30.

Entre os brasileiros, além de Daiane dos Santos, que apresentará a coreografia com ?Brasileirinho?, as atenções estarão voltadas para Diego Hypólito, que tentará a sexta medalha consecutiva de ouro no solo.

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